Negócio da cloroquina: farmacêutica bancou anúncios pró-tratamento precoce

A promoção da cloroquina e de drogas que compõem o chamado ‘kit covid’, ao invés de vacinas e medidas de prevenção não farmacológicas, é um dos eixos de investigação da CPI da Covid. Apesar do recesso, a cúpula da comissão analisa diversos documentos que podem apontar o envolvimento do alto escalão do governo Bolsonaro em um negócio milionário.

20 jul 2021, 12:43 Tempo de leitura: 2 minutos, 6 segundos
Negócio da cloroquina: farmacêutica bancou anúncios pró-tratamento precoce

A promoção da cloroquina e de drogas que compõem o chamado ‘kit covid’, ao invés de vacinas e medidas de prevenção não farmacológicas, é um dos eixos de investigação da CPI da Covid. Apesar do recesso, a cúpula da comissão analisa diversos documentos que podem apontar o envolvimento do alto escalão do governo Bolsonaro em um negócio milionário. Neste final de semana, a CPI revelou que a farmacêutica Vitamedic, que produz ivermectina, bancou, em fevereiro, anúncios da Associação Médicos pelo Brasil defendendo o uso de kit covid para tratar a doença, meses após autoridades de saúde descartarem sua utilização. Os anúncios foram veiculados nos principais jornais do País.

O envolvimento da farmacêutica e da associação apontam para um conflito ético, para dizer o mínimo sobre médicos que atuam como lobistas de empresas. Os dados de pagamento da campanha foram cedidos à CPI após o senador Humberto Costa (PT-PE) ter encaminhado requerimento aos jornais, no fim de junho. Costa queria saber quem estava por trás do “Manifesto pela Vida” e os valores pagos pelos anúncios. De acordo com a Folha, os anúncios no jornal Zero Hora e no Globo custaram R$ 217.295,05. À Folha, foram pagos R$ 78.080,62 pela propaganda.

Representantes da entidade integram o gabinete paralelo de Jair Bolsonaro. De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, o oftalmologista Antônio Jordão apareceu ao lado do presidente em uma reunião realizada em setembro. Foi ele quem assinou o termo de responsabilidade que garantiu a veiculação dos anúncios.

Ainda segundo a Folha, o faturamento da Vitamedic aumentou 1.230% de 2019 para o ano passado. A empresa registrou um salto espetacular nas vendas de ivermectina: foram comercializadas 75,8 milhões de caixas da droga em 2020, ante 5,7 milhões no ano anterior.

“O faturamento das empresas que vendem remédios ineficazes contra a Covid-19 ultrapassou R$ 500 milhões”, escreveu o senador Randolfe Rodrigues (Rede- AP), neste fim de semana, pelo Twitter. “E isso contou com uma estratégia de anúncios e propagandas muito bem remuneradas”, comentou o vice-presidente da CPI.

“Estima-se que a empresa tenha arrecadado R$ 734 milhões só com esse medicamento do ‘kit Covid’ nesse período. Isso tudo com apoio do grupo Médicos Pela Vida”, denunciou Rodrigues.

Da Agência PT de Notícias

Matéria publicada originalmente no site PT na Câmara e replicada neste canal.
Foto: Site PT