Durante audiência pública conjunta das comissões de Tributação e Finanças e de Desenvolvimento Econômico, o deputado federal e vice-líder do governo no Congresso, Carlos Zarattini (PT-SP), confrontou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa de juros no país em 10,5%, segunda maior taxa de juros do mundo, e de ainda indicar tendência de subida no índice.
A manutenção da Selic e a gestão de Roberto Campos Neto foram alvos de críticas do parlamentar durante sua intervenção na audiência. “Estamos vivendo um momento onde se coloca em perspectiva um novo aumento dos juros, justamente no momento em que temos o menor acúmulo de inflação desde 1998, Mesmo com bons índices econômicos, o BC segue jogando contra a nossa economia”, declarou o parlamentar.
Zarattini, que é economista pela USP, destacou ainda a investigação do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União sobre o uso do Boletim Focus para a definição da taxa Selic. A investigação questiona a influência das projeções do Boletim Focus, elaborado a partir de pesquisas realizadas por diversas instituições financeiras, como bancos e corretoras, que poderiam estar manipulando os índices para obter ganhos privados. “É inacreditável que quem determina a estimativa do mercado ouve o próprio mercado e isso se torna referência para a decisão do Banco Central. Ou seja, é uma retroalimentação, isso precisa ser explicado”, afirmou.
Dívida pública: O parlamentar também evidenciou o aumento da dívida pública acarretado pelas altas taxas de juros. “A dívida pública alimenta a taxa de juros ou é a taxa de juros que alimenta a dívida pública? A verdade é que as taxas de juros vêm aumentando a dívida pública enormemente”, concluiu Zarattini.
Bancos: A descontração bancária foi defendida pelo parlamentar paulista. Segundo ele, os relatórios demonstram que a concentração não diminui de forma considerável e isso gera uma concentração de lucros nas mãos de poucas entidades. “Os quatro grandes bancos de capital aberto registraram um lucro combinado de R$ 27,6 bilhões no segundo trimestre, uma alta de 13,4% na comparação com o segundo trimestre do ano passado. Isso é fora do padrão da taxa de lucro das empresas nacionais, por exemplo”, ressaltou o parlamentar.
Contraponto: Na sua resposta, Campos Neto se esquivou, mas admitiu que as taxas de juros estão altas. “É óbvio que a taxa de juros alta freia a economia, mas o crescimento tem surpreendido para melhor. Se todos nós pagamos as contas das taxas de juros, se a gente não cuidar da inflação quem vai pagar de verdade a conta é a população mais pobre”, disse.
Assista o vídeo: