
A influência das big techs na disseminação de discursos extremistas e o papel das redes sociais na ascensão da extrema direita no Brasil e no mundo foram tema do novo episódio do podcast Papo Reto, apresentado pelo deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP). O jornalista e ativista dos direitos humanos William de Lucca foi o convidado da semana para discutir estratégias de fortalecimento da esquerda no ambiente digital e ampliar o alcance de vozes progressistas nas plataformas.
Durante a conversa, foram debatidas as responsabilidades das plataformas digitais, o funcionamento dos algoritmos que favorecem conteúdos de ódio e desinformação, e a urgência do combate às fake news como medida de proteção à democracia.
De Lucca destacou que o sucesso da extrema direita nas redes não decorre de maior capacidade técnica, mas sim da lógica de funcionamento das próprias plataformas. “Os algoritmos priorizam o que gera mais engajamento, e isso costuma ser ódio, polêmica e fake news. As big techs lucram com isso, já que mais engajamento significa mais anúncios”, afirmou.
Para Zarattini, essa lógica criou um ambiente hostil que compromete o debate político qualificado. “A extrema direita se destacou no ambiente digital por meio do sensacionalismo, das fake news e do discurso de ódio. Todos agora fazem parte do espetáculo, sempre em busca de likes, o que restringiu o debate político. A esquerda tenta equilibrar e ocupar mais espaço nas redes sociais”, observou o parlamentar.
e Lucca também alertou para a necessidade de maior investimento em comunicação por parte do campo progressista. “Nosso principal desafio agora, enquanto campo progressista e, em especial, nos mandatos, é melhorar nossa atuação e investir em comunicação. Tem muitos mandatos que usam muito mal as redes sociais”, afirmou.
Responsabilização das plataformas: avanço do STF é considerado positivo
Outro ponto abordado no episódio foi a decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF), que alterou o entendimento sobre a responsabilização das plataformas digitais por conteúdos publicados por usuários. O STF considerou que o modelo previsto no Marco Civil da Internet, que exigia ordem judicial para remoção de conteúdo e posterior responsabilização, não é mais suficiente para garantir os direitos fundamentais e a democracia.
A partir da decisão, as plataformas devem remover conteúdos ilegais mediante notificação extrajudicial, sob pena de responsabilização civil.“As plataformas ganham dinheiro com os conteúdos que veiculam. No mínimo, têm que ser responsabilizadas pelos conteúdos impróprios postados”, defendeu De Lucca.
Zarattini lembrou que o Congresso Nacional já tentou avançar na regulamentação das redes sociais, mas que a proposta foi sabotada pela atuação da extrema direita. “O Congresso precisa legislar sobre isso, mas o assunto foi distorcido e transformado em narrativa de censura. A decisão do STF foi um passo importante para tornar as redes sociais um ambiente mais seguro e menos hostil”, concluiu o deputado.
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