Após as graves denúncias de irregularidades no acordo firmado entre Brasil e Paraguai para revisão da comercialização da energia contratada junto à Itaipu Binacional, o líder da Minoria no Congresso, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), apresentou requerimento solicitando a convocação dos ministros de Minas e Energia, Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior, e de Relações Exteriores, Ernesto Henrique Fraga Araújo, para prestarem esclarecimentos. O diretor-Geral brasileiro da Itaipu, Joaquim Silva e Luna, também será chamado à Câmara. O requerimento foi apresentado na Comissão de Minas e Energia.
Zarattini alertou que o documento, assinado em 24 de maio, foi tornado público apenas dois meses após sua assinatura. A revelação da existência do acordo levou o chanceler paraguaio, o presidente de Itaipu e outros dois funcionários de alto escalão a renunciarem. Além da demissão de altas autoridades paraguaias, o novo acordo enseja, agora, um pedido de impeachment do atual presidente da República do Paraguai, Mario Abdo Benítez.
Pelo acordo, o Paraguai pagaria US$ 200 milhões a mais pela energia que consome de Itaipu e ainda abriria mão de comercializar o excedente que lhe cabe no mercado livre de energia brasileiro. O Paraguai consome só 15% da energia produzida por Itaipu, vendendo o restante não utilizado para o Brasil.
Família Bolsonaro e Léros
Segundo Zarattini, o acordo relativo à revisão da potência contratada foi conduzido por supostos representantes de interesses de altas autoridades do Brasil e negociado “sob inexplicável” sigilo. A suspeita é de que por trás do sigilo da negociação haveria o interesse de favorecer a empresa Léros Comercializadora, de São Paulo, que seria ligada à família de Bolsonaro.
“Essa negociação sigilosa entre Bolsonaro e o presidente do Paraguai é escandalosa e lesiva aos interesses brasileiros. Causa imensa estranheza o sigilo com que importante pacto foi firmado e por envolver uma empresa privada ligada à família Bolsonaro nas negociações. A Bancada do PT pediu também que a PGR investigue as denúncias de irregularidades nesse acordo”, criticou Zarattini.
De acordo com jornais paraguaios, houve pressão de lobistas da empresa brasileira para que se retirasse do acordo cláusula que possibilitaria que a empresa estatal paraguaia ANDE (Administración Nacional de Eletricidad) pudesse comercializar o excedente de energia no mercado livre de energia do Brasil.
Em mensagens divulgadas pela imprensa paraguaia, o advogado González informou que o grupo Léros é ligado à família do presidente Jair Bolsonaro. Disse também que em uma reunião de negociação, em Ciudad del Este, estava Alexandre Giordano, suplente do senador de Major Olímpio (PSL-SP). Giordano fez as negociações em nome da Léros.
O acordo foi assinado dia 24 de maio, mas foi anulado dia 1º de agosto, unilateralmente, pelo governo paraguaio, depois que seu conteúdo foi revelado pela imprensa do país vizinho.
Veja aqui os requerimentos:
Assista o vídeo:
Fonte: Assessoria de Comunicação