Uma série de reportagens em comemoração aos 43 anos do PT, nesta semana, irá relembrar as principais ações e realizações do PT ao longo das últimas quatro décadas, sobretudo durante os governos Lula e Dilma, a partir de 2003. A primeira delas destaca o programa Fome Zero.
O caminho para a retirada do Brasil, em 2014, do Mapa da Fome das Nações Unidas começou mais de uma década antes, no dia 3 fevereiro de 2003. Era o início do primeiro mandato de Lula e a cidade de Guaribas, no interior do Piauí, tornou-se o palco de lançamento do programa Fome Zero.
A data ficou marcada na memória dos moradores do pequeno município de 4,5 mil habitantes, considerada uma das cidades mais pobres do país na época. Nada melhor, portanto, que a cidade fosse escolhida como piloto para o início de uma série de políticas públicas sociais que seriam implementadas para erradicar a fome e a miséria no Brasil. Duas décadas se passaram e a população ainda colhe os frutos da iniciativa.
“20 anos depois, eu tenho na memória aquela visita do presidente Lula, ali, quando ele chegou com toda a sua equipe em Teresina e quando fez a entrega do primeiro cartão do Fome Zero, como era chamado naquela época, depois, remodelado para Bolsa Família”, lembra o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, em depoimento em vídeo.
“Naquele primeiro momento era duro a gente ser chamado “o estado mais pobre do Brasil”. Já não somos. Hoje, olhando os 50 municípios mais pobres do Brasil, já não tem nenhum do estado do Piauí”, atesta o ministro, que também foi governador do Piauí.
Assista ao vídeo do MDS sobre os 20 anos do Fome Zero:
Novas oportunidades
A partir do Fome Zero, a cidade recebeu projetos de infraestrutura, iniciativas de inclusão social, de acesso a água, saneamento básico, pavimentação, dentre outras melhorias. Foi a porta para novas oportunidades que se abriu aos moradores do pequeno município do sul piauiense.
“Guaribas mudou totalmente. O Fome Zero significou Guaribas sem fome. Tinha vários programas. Lembro do programa um milhão de cisternas, que o pessoal ali morria de sede e que salvou muita gente. O Luz Para Todos também veio”, disse Eldiene Maia, 37 anos, que nasceu e mora em Guaribas.
Programa atendeu milhões
Em todo o país, o Fome Zero conseguiu atender milhões de pessoas com ações como o Programa Bolsa Família, de transferência de renda para os mais pobres, com condicionalidades de educação e saúde, o Programa Nacional de Alimentação Escolar, que fornece refeições gratuitas para crianças e adolescentes em escolas públicas, além de cursos de qualificação profissional.
“Primeiro de tudo, veio a água para a gente se libertar dos olhos d’água. Depois, veio o incentivo para as pessoas estudarem e serem alguém na vida”, recordou Lídia Alves, 56 anos.
Redução da desnutrição
De 2002 a 2013, o Brasil alcançou resultados significativos na redução da desnutrição e na garantia de acesso à alimentação adequada para as camadas mais pobres. No período, caiu em 82% a população considerada em situação de subalimentação.
Aos 28 anos, Guilherme Pereira, foi beneficiado diretamente por toda a transformação que a cidade passou. Atualmente, ele é professor da rede pública municipal e trabalha contribuindo com a formação educacional das novas gerações. “Eu sou fruto daquilo que foi plantado em Guaribas. O Fome Zero foi um programa, em específico, mas acompanhado de diversas outras ações, que de fato fizeram a diferença”, elogiou.
Guaribas, que foi rotulada como a cidade da fome, sofreu uma transformação que ainda é viva na memória de Natália Alves, 59 anos. Ela lembra do tempo que tinha que buscar água, em baldes, no meio da mata, diretamente nos olhos d’água que ficam no pé da serra ao redor do município. “Ninguém ouvia falar de Guaribas. Era sofrimento demais. As mulheres não dormiam dentro de casa. Eu passava a noite inteira para encher os baldes de água para atender os meus seis filhos”, recorda.
José Aillon, 59 anos, é um exemplo de empreendedorismo, possível devido às melhores condições de vida em Guaribas. Depois de sair da cidade em busca de emprego, viu a terra natal se desenvolver e retornou para abrir seu próprio negócio. “A gente vivia isolado aqui. Não tinha nada. Tinha vez que a gente comia meio dia, às vezes não comia de noite”, contou.
Proprietário do restaurante no centro da cidade, ele deu início ao comércio após ser estimulado por dois médicos cubanos, profissionais do programa Mais Médicos. “Hoje, graças a Deus tem luz, tem uma estrada boa, tem tudo”, continuou.
Do MDS, com Redação do PT
Publicado no site do Partido dos Trabalhadores e replicado neste canal.