Deputados federais e senadores se juntaram aos deputados estaduais nesta quinta-feira (19/9) para realizar uma audiência pública contra as privatizações. Organizaram o evento a Frente Mista em Defesa da Soberania, do Congresso Nacional, e a Frente em Defesa da Soberania Nacional e Contra a Privatização, da Alesp.
O deputado Paulo Fiorilo (PT) destacou que a audiência marca o início desse debate público em São Paulo. “No primeiro semestre o governador votou a extinção e as PPPs de algumas empresas e agora no segundo semestre já extinguiu a Dersa”, ressaltou. “Estamos vivendo um momento em que tanto o governo federal quanto o governo estadual têm adotado a política de vender patrimônio. Isso num momento difícil, em que o desemprego é muito grande. No Estado de São Paulo são 3,3 milhões de desempregados. Em vez de pensar em geração de emprego, o governo estadual quer vender empresas. No caso do Bolsonaro, é a mesma coisa. Por isso as frentes têm um papel importante”, destacou.
O governo federal anunciou recentemente um plano para privatizar diversas estatais, entre elas os Correios. Marcio Farina, secretário-geral do Sindicato dos Correios de Santos e Região, enfatizou a importância da empresa para os cidadãos. “Os Correios têm um papel social enorme no país, chega a mais de 5.500 municípios. Tem o papel social de entrega de medicação, de urnas eletrônicas, de livros didáticos. Toda a logística que o correio tem de atendimento à população no país vai perder com a privatização”.
Diversos participantes da audiência pública consideram que, se as privatizações previstas pelos governos federal e estadual se concretizarem, as regiões mais periféricas vão sofrer escassez de serviços disponíveis. O representante do sindicato dos Correios declarou: “Se conseguir privatizar, o mercado só vai querer atender os grandes centros. A população mais distante não vai ter atendimento, isso sem contar com o aumento do valor das mercadorias”.
Na mesma linha, Ivone Silva, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e Região Metropolitana, afirmou: “A questão das privatizações é muito ruim não só para os bancários, mas principalmente para a população. Quando você sai do centro de São Paulo, só tem Banco do Brasil e Caixa, pois os bancos privados só querem os bairros ricos. Muitas vezes as pessoas se deslocam quilômetros para receber sua aposentadoria em outra cidade, e acaba gastando nessa outra cidade”.
Um exemplo dado pela presidente do Sindicato dos Bancários foram as privatizações que já ocorreram há anos. “Em São Paulo temos a água e a energia elétrica privatizadas e os serviços não melhoraram. Pelo contrário, temos problema com a crise hídrica, a nossa conta de energia elétrica é muito mais cara do que na época das estatais”.
Na Alesp, a frente é coordenada pela deputada Leci Brandão (PCdoB). No Congresso Nacional, pela senadora Zenaide Maia.
Também estavam presentes na audiência pública os deputados Emídio de Souza, Leci Brandão, Marcia Lia e Teonilio Barba, além dos ex-deputados Antonio Mentor, Carlos Neder e Marcos Martins. Compareceram também os deputados federais Alencar Santana, Carlos Zaratini e Rui Falcão, e os senadores Roberto Requião e Zenaide Maia.