
Está previsto para esta terça-feira (18), no Largo São Francisco, região central de São Paulo, o protesto organizado pelo Sindicato dos Policiais Penais (Sinppenal) – e apoiado por, ao menos, 22 entidades representativas de policiais civis e militares – contra a administração do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos). Os profissionais da segurança pública reivindicam, entre outras pautas, melhores salários.
“Pela primeira vez na história, os policiais penais foram deixados de lado em um reajuste salarial das forças de segurança. Na mesa de negociações, o governo nos prometeu que a diferença de 14% seria concedida logo assim que a Polícia Penal fosse regulamentada e isso não ocorreu”, reclama Fábio Jabá, presidente do Sinppenal.
Os policiais civis em favor do ato estão descontentes, especificamente, com o secretário de Segurança Pública licenciado de SP, deputado federal Guilherme Derrite (PP). Os integrantes da Polícia Civil e Militar afirmam que Tarcísio e Derrite sucatearam as corporações. Já os penais respondem à Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).
De acordo com Jabá, o reajuste que Tarcísio alega ter concedido em janeiro representou apenas uma “adequação ao regime de subsídio”, pois os policiais perderam direito a quinquênios e sexta parte, por exemplo.
“Os Policiais Civis estão sofrendo algo muito parecido com o que aconteceu com a Polícia Penal. Nossa lei orgânica já estava pronta no final do governo anterior, o governo Tarcísio descartou boa parte da lei elaborada por um grupo de trabalho da SAP e, após dois anos, aprovou uma lei que criou uma polícia sem prerrogativas e sequer sem a garantia de acautelamento de armas”, expôs.
Em entrevista ao ICL Notícias, o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP), André Santos Pereira, destacou a situação de abandono da estrutura de segurança do estado. “A gente esperava, no início da gestão, tanto do governo Tarcísio quanto do próprio secretário, que as polícias de fato tivessem um olhar diferenciado. E isso não ocorreu. Pelo contrário, tivemos direcionamentos da política de segurança pública aqui no estado equivocados. Um exemplo é o racha entre as polícias, promovido pelo próprio secretário de Segurança Pública, quando tentou passar atribuições da Polícia Civil para a Polícia Militar”, disse ele.
Mentiras de campanha
Representantes de PMs e civis também acusam as autoridades paulistas de não cumprirem uma série de promessas de campanha. No caso da Polícia Civil, a principal demanda é a demora na apresentação da minuta da nova Lei Orgânica.
A Polícia Militar, por sua vez, cobra um reajuste salarial linear. “A inflação que atinge o soldado atinge também o coronel. Foram várias promessas [do secretário], como se fosse um messias, um salvador. Mas as coisas estão desse jeito”, lamenta o veterano Aurélio Gimenes, presidente da Associação dos Praças da Polícia Militar de São Paulo (Aspraças).
O protesto deve ocorrer enquanto Derrite segue licenciado do cargo de secretário para relatar, na Câmara dos Deputados, em Brasília, o Projeto de Lei Antifacção proposto pelo governo Lula. Até o momento, o bolsonarista apresentou quatro versões do texto. Todas desagradaram oposição e aliados.
Texto publicado originalmente pelo site do PT Nacional e republicado aqui.