A recente pressão do mercado financeiro sobre o Banco Central reacende o debate sobre a política monetária nacional. Especuladores da Faria Lima e a grande mídia intensificam as apostas em um aumento de 0,75 ponto percentual na taxa Selic, previsto para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em dezembro. Isso ocorre apesar de o BC já ter elevado a taxa para 11,25% ao ano, com uma alta de 0,5 ponto percentual, sob a justificativa de combater a “desancoragem das expectativas de inflação”.
Enquanto essa narrativa é amplificada pela imprensa, crescem as críticas contra ela. O economista Paulo Kliass destaca que, desde janeiro de 2023, início do terceiro mandato de Lula, o governo federal destinou R$ 1,4 trilhão do orçamento da União apenas ao pagamento de juros da dívida pública.
“E é importante sublinhar que neste volume não estão incluídos os montantes para rolagem do endividamento. Trata-se apenas e tão somente do pagamento de juros em sentido estrito da expressão”, escreveu no Jornal GGN. Esses números revelam um sistema que privilegia o capital financeiro, prejudicando o crescimento econômico e a geração de empregos, favorecendo somente os mesmos rentistas de sempre.
O discurso do mercado
Desde o pico de 13,75% ao ano, mantido até agosto de 2023, a Selic passou por cortes que aliviaram o custo do crédito. Contudo, em setembro deste ano iniciou-se um novo ciclo de alta, intensificado pelo aumento de 0,5 ponto percentual em novembro, consolidando a retomada de uma política restritiva.
Projeções indicam uma taxa de até 13,5% em 2025, com o argumento de que fatores como a desancoragem inflacionária e a política de juros nos EUA tornam essa decisão inevitável. No entanto, dados do boletim Focus apontam inflação controlada para 2025, refutando a necessidade de um aperto financeiro severo.
Críticos defendem que tais medidas desconsideram os efeitos negativos sobre a economia, como o aumento da inadimplência e a dificuldade de acesso a financiamento por pequenas e médias empresas, reconhecidamente grandes geradoras de empregos.
Impactos sobre a economia
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Associação Paulista de Supermercados (Apas) argumentam que o nível ideal da Selic seria em torno de 8,4% ao ano. O atual patamar eleva custos de produção e inibe investimentos, em um cenário já marcado pelo alto endividamento das famílias.
A insistência em uma taxa alta mantém o Brasil preso a um modelo que prioriza ganhos financeiros em detrimento do desenvolvimento do país. Desde o início do mandato de Lula, o governo tem focado no fortalecimento da economia real e na redução das desigualdades, mas a postura do Banco Central freia esse progresso.
É hora de questionar: a quem interessa manter os juros tão elevados?
Texto originalmente publicado no site do PT Nacional.