A crise sanitária conduzida por Guedes e Bolsonaro aprofunda queda da economia, amplia desigualdade, derruba renda e dificulta vida dos pequenos empresários. Mas bancos continuam ganhando muito: lucro do Santander chegou a R$ 3,8 bilhões. E a instituição não tem pudor em fazer a demissão de trabalhadores.
A crise sanitária agravou os efeitos da perversa política econômica conduzida por Paulo Guedes em benefício do presidente Jair Bolsonaro. A agenda neoliberal proíbe o governo federal de promover investimentos e assegura um arrocho fiscal que secou os recursos, destruiu as políticas sociais e ampliou a desigualdade no país. Mas os bancos continuam indo muito bem, mesmo diante da maior crise dos últimos 80 anos, com a queda brutal da atividade econômica. O Santander anunciou lucro de R$ 3,8 bi em três meses, mas não teve dúvidas: aproveitou a oportunidade para ampliar os lucros e demitir trabalhadores em plena pandemia.
Apesar de se apresentar perante a mídia como um banco com preocupação social, a subsidiária da banca espanhola é a primeira a violar o compromisso e promover desligamento de trabalhadores em plena pandemia. A denúncia é da presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva. Ela diz que o banco fez acordo com os sindicatos mas, na última sexta-feira (5), mandou embora ao menos 15 trabalhadores sem justa causa, descumprindo o compromisso público que havia assumido em interromper desligamentos durante a crise sanitária.
É sintomático que o banco mantenha lucros altos e elevados, promova demissões e tenha sido beneficiado com o repasse pelo governo federal de R$ 1,2 trilhão, dinheiro repassado aos bancos, com a promessa de que deveriam abrir o crédito para micro e pequenas empresas, a fim de garantir emprego e o funcionamento dos pequenos, micros e médios negócios.
“Para nós, o compromisso era não demissão até o fim da pandemia”, disse Ivone ao site Rede Brasil Atual. “E em São Paulo, onde o Santander demite, a curva de contaminação só está subindo. Não houve achatamento. É uma crueldade”, lamenta. Ivone diz que o Santander tem coragem de colocar na rua 15 trabalhadores num momento cruel da pandemia, em que essas pessoas não vão conseguir se recolocar no mercado de trabalho.
Lucro recorde
No ano passado, o Santander lucrou R$ 14,5 bilhões e iniciou o primeiro trimestre de 2020 com ganhos de R$ 3,8 bilhões. Ela diz que a filial do grupo espanhol Santander, uma das maiores instituições financeiras da Europa, é quem se beneficia com as condições frouxas da política estabelecida pelo Banco Central. Tanto é que o Santander Brasil é o banco mais lucrativo do grupo no mundo. “Em torno de 30% do lucro mundial dele vem do Brasil”, destaca. Ela lembra que a matriz espanhola não atua da mesma maneira. “Na Espanha tem governo. Aqui não tem. O Bolsonaro não governa”, critica.
Dos grandes bancos brasileiros, o Santander foi o único que obteve alta nos lucros. A instituição financeira passou de R$ 3,5 bilhões para R$ 3,8 bilhões, um aumento de 10% no lucro. Os outros quatro grandes bancos – Bradesco, Banco do Brasil, Itaú e Caixa – obtiveram quedas nos lucros, uma perda de 28% no primeiro trimestre. O Banco do Brasil teve queda de 20%, passando de R$ 4 bilhões para R$ 3,2 bilhões. O Bradesco teve recuo no lucro de 42%, caindo de R$ 5,8 bilhões para R$ 3,4 bilhões. A Caixa teve lucro menor, R$ 3,3 bilhões para R$ 3 bilhões. E o Itaú passou de R$ 6,9 bilhões para R$ 3,7 bilhões, uma queda de 47%.
Ainda que as quedas sejam parcialmente expressivas, vale lembrar que os bancos não pagam nenhum centavo de imposto pelos dividendos advindos dos bancos. É caso raro no mundo. Além do Brasil, apenas a Estônia, um pequeno país nos Balcãs, não tributa lucros e dividendos. E, no mundo, as alíquotas variam de 6,9%, na Nova Zelândia; a 44%, na França. A média dos países chega a 25%.
Da Redação, com Rede Brasil Atual
Matéria publicada originalmente no site Partido dos Trabalhadores e replicada neste canal.