Em entrevista a rádio do Rio Grande do Sul, aonde chega na quarta-feira, Lula explica por que soberania e desenvolvimento não podem ser pensados separadamente.
Na véspera de sua visita ao Rio Grande do Sul, Lula defendeu, em entrevista à radio Bandeirantes de Porto Alegre, o resgate da soberania nacional para que o Brasil volte a crescer economicamente e a vida da população possa melhorar.
Segundo o ex-presidente, é a política do governo Bolsonaro, de desmonte das empresas públicas e enfraquecimento do Estado, que colocou o país na atual situação, de fome, inflação e desemprego.
Exemplo disso é o que ocorre com a Petrobrás, que o atual governo insiste em tentar vender. “O presidente da Petrobrás é subordinado às orientações políticas do Estado brasileiro. Embora a gente não tenha a maioria das ações, é o governo quem indica o conselho, e o presidente (da empresa) é indicado pelo conselho”, lembrou Lula, mostrando que Jair Bolsonaro mente quando diz que não é o responsável pelo alto preço dos combustíveis.
Em 2008, o barril do petróleo chegou a US$ 146, a gasolina era vendida a cerca de R$ 2,60 e a Petrobrás era lucrativa. Não é aceitável você dolarizar o preço dos combustíveis e jogar nas costas do povo brasileiro”, completou Lula, garantindo que, se for eleito, vai se reunir com o conselho da Petrobrás e com o Conselho Nacional de Política Energética para adotar as medidas necessárias para reduzir o preço da gasolina, do diesel e do gás.
Soberania e crescimento andam juntos
Soberania e desenvolvimento são inseparáveis, ressaltou Lula. Só um Estado forte e comprometido com a qualidade de vida da população faz os investimentos necessários para que o país cresça e a vida do povo melhore.
Um exemplo claro é o programa Luz Para Todos, que levou energia a milhões de brasileiros ao mesmo tempo que gerava empregos e tornava o país mais rico.
“Nós fizemos o Luz Para Todos, que ninguém queria fazer. Foram R$ 20 bilhões em investimento. E isso não será feito por uma empresa privatizada. Somente uma empresa pública e o Estado têm coragem de tomar essa atitude”, assegurou.
E completou: “Quando é que nós vamos ser uma nação independente de verdade e soberana? Quando é que a gente vai tomar conta do nosso nariz? Quando é que a gente vai poder garantir ao povo trabalhador desse país o direito de viver dignamente com seu salário? Por que que no meu governo o salário mínimo pôde aumentar todo ano e hoje o salário mínimo não pode aumentar?”
O ex-presidente disse estar convencido de que basta mudar a política para que o país comece a crescer de novo e a vida do povo volte a melhorar. Caso seja eleito, afirmou, voltará a fazer o que já fez no passado.
Eu tenho para o povo brasileiro um legado. O legado de sucesso na economia. Foi o período em que o Brasil mais cresceu nos últimos 40 anos. É importante lembrar que, enquanto o mundo rico estava desempregando 100 milhões de pessoas, por conta da crise de 2008, o Brasil estava empregando 20 milhões de pessoas com carteira profissional assinada. Eu não preciso ficar fazendo promessa. Eu só tenho que mostrar o que nós já fizemos e tenho que mostrar que, quando eu ganhar as eleições, eu vou restabelecer a relação respeitosa que o Brasil tinha com o mundo”, argumentou.
Dilma e Rio Grande do Sul
Lula também rebateu as críticas que fazem à ex-presidenta Dilma Rousseff, lembrando que o fim de seu governo foi sabotado tanto pela Lava Jato quanto pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
“Vocês precisam aprender a ter respeito pela presidenta Dilma porque poucas vezes na história deste país agente teve uma mulher da qualidade dela. A Dilma chegou em dezembro de 2014 com 4,3% de desemprego. O menor desemprego da história do Brasil”, recordou.
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O impeachment fraudulento contra Dilma colocou o Brasil na atual situação, observou Lula, ressaltando que as consequências recaem também sobre o Rio Grande do Sul.
O que aconteceu com o Rio Grande do Sul? Retrocedeu economicamente. Hoje nós temos mais de 1,2 milhão de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. Hoje nós temos uma seca tremenda e não tem política do governo federal para ajudar a pequena e média propriedade, 52% das pessoas que produziam leite pararam de produzir leite porque não tinham rentabilidade, porque não tinham condições de sobrevivência”, disse.
Matéria publicada originalmente no site do PT e replicada neste canal.