Lula diz que derrubada da “taxação BBB” não é derrota do governo, mas sim do povo

À Rádio Piatã FM, presidente condenou rejeição de tributação sobre fintechs e bets no Congresso e destacou ações sociais governo: “Pouco dinheiro na mão de muitos significa distribuição de riqueza”

9 out 2025, 13:36 Tempo de leitura: 3 minutos, 48 segundos
Lula diz que derrubada da “taxação BBB” não é derrota do governo, mas sim do povo
Foto: Ricardo Stuckert / PR

Em entrevista à Rádio Piatã FM nesta quinta-feira (9), o presidente Lula abriu o diálogo com críticas à votação da chamada “taxação BBB” na Câmara dos Deputados. “Nós estávamos propondo […] que as Bets pagassem apenas 12% e ainda assim eles não quiseram […]. É engraçado porque o povo trabalhador paga 27,5% do Imposto de Renda do seu salário e os ricos não querem pagar 12%”, afirmou.

Para Lula, a derrubada do projeto não atinge o governo, mas o povo brasileiro. “Eles acham que ontem votaram ‘derrotamos o governo’. Não derrotaram o governo. Derrotaram o povo brasileiro.”

Alívio no bolso
Ao tratar de justiça tributária, Lula ressaltou a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda. “Aprovamos a lei que o Imposto de Renda só para quem ganha até R$ 5.000 não pagará mais imposto de renda nesse país”, disse.

Lula defendeu a combinação de reajuste do salário mínimo acima da inflação e crescimento econômico para “ir qualificando a possibilidade das pessoas mais pobres melhorarem de vida”.

Durante a entrevista, o presidente também destacou os anúncios previstos para a Região Metropolitana de Salvador. Sobre a nova fábrica em Camaçari, disse esperar que o empreendimento chegue “em 2029 até quase 6.000 trabalhadores”, com investimento de “5.600.000.000 de reais”.

Citou ainda a retomada da indústria naval com 2 bilhões e 600 milhões de investimento da Petrobras e outro estaleiro para construção de barcaças.

Na qualificação de mão de obra, Lula afirmou que o governo vai abrir oito novos campi do Instituto Federal na Bahia, além dos já existentes, para atender a indústria nascente e garantir baianos e baianas trabalhando.

Energia, gás e remédios
O presidente também falou sobre a orientação de priorizar quem mais precisa. “Muito dinheiro na mão de poucos significa miséria. Pouco dinheiro na mão de muitos significa distribuição de riqueza”, disse.

Entre as medidas, Lula citou:

— “Quem consome até 80 kW de energia não vai pagar mais energia e quem consome até 120 paga apenas a diferença”;

— Expansão do auxílio ao gás de cozinha: “A partir de novembro agora […] vai completar quase 17 milhões de famílias [que] vai receber gás de graça”;

— Fortalecimento do Farmácia Popular, com medicamentos de uso contínuo gratuitos, e melhorias no acesso a especialistas e exames. Ele contou o caso de “Dona Felícia”, em Belém, que comprava remédios por desconhecer o direito ao programa: “Cuidar das pessoas é mais do que governar.”

Lula disse ainda que o governo federal vai recuperar a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia (Fafen) na Bahia e em Sergipe, ressaltando a importância das fábricas para a produção de ureia usada na agricultura.

Relações internacionais
A conversa telefônica recente com Donald Trump também foi destaque na entrevista. O presidente afirmou ter pedido a retirada de taxação dos produtos brasileiros a Trump e ressaltou querer paz e não briga entre os países. Reforçou ainda que há expectativa de desdobramentos diplomáticos para destravar barreiras ao comércio.

“O Brasil não quer briga […] quer crescer, quer se desenvolver. É uma aliança de 200 anos, é uma coisa muito forte. Então, queremos manter uma relação boa, civilizada, democrática, respeitosa, sem abrir mão do nosso conceito de democracia e da nossa soberania”, afirmou.

Questionado sobre reeleição, Lula declarou que a decisão dependerá da sua condição pessoal e do partido.

“Se eu, no momento de decidir, estiver com a motivação que eu estou hoje […] eu não tenho dúvida nenhuma de que eu serei candidato […] para ganhar as eleições”, disse Lula.

O presidente falou ainda que vai preparar um projeto para os próximos cinco anos, com ênfase em revolução digital, inteligência artificial e formação técnica (engenheiros e matemáticos), inclusive com envio de estudantes ao exterior.

Ano da colheita
Na entrevista, Lula voltou a dizer que o governo passou dois anos e meio reconstruindo estruturas e políticas públicas e que 2025 é o ano da colheita.

“Estamos fazendo mais política de inclusão social, mais política de cuidar da saúde e da educação”, afirmou. Ele citou a escola em tempo integral e o programa Pé-de-Meia como revolução para evitar evasão no ensino médio.

Texto originalmente publicado pelo site do PT Nacional.