O presidente Lula participou, nesta quarta-feira (22), da Cúpula Virtual do G20, que reúne 19 das maiores economias do mundo mais a União Europeia e a União Africana. Ele apresentou as prioridades da presidência brasileira no grupo, a ser iniciada em 1º de dezembro, com foco no combate às desigualdades e no desenvolvimento sustentável. Também anunciou que serão criadas duas forças-tarefa, uma Contra a Fome e a Desigualdade, outra Contra a Mudança do Clima.
O Brasil vai exercer a presidência do G20 de 1º de dezembro até 30 de novembro de 2024. Sob o lema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”, a gestão brasileira terá três linhas de ação para estruturar os trabalhos do grupo de países: (I) a inclusão social e o combate à fome e à pobreza; (II) a transição energética e o desenvolvimento sustentável; e (III) a reforma da governança global.
Durante a reunião, Lula também anunciou que será lançada uma iniciativa voltada à bioeconomia, para estímulo à utilização de novas tecnologias na criação de produtos e serviços mais sustentáveis.
“Vamos buscar resultados concretos, que gerem benefícios para os mais pobres e vulneráveis, em todo o planeta. O G20 ajudará a alavancar iniciativas multilaterais em curso. Precisamos recuperar a tripla dimensão do desenvolvimento sustentável e acelerar o ritmo de implementação da Agenda 2030”, disse o presidente.
Lula destacou que, em 2025, o Brasil vai sediar a COP30, a primeira na Amazônia, a ser realizada em Belém (PA). Segundo ele, o G20 deve trabalhar para chegar ao evento com uma agenda climática ambiciosa que assegure a sustentabilidade do planeta e a dignidade das pessoas.
“Isso só será possível abordando seriamente o endividamento, o acesso a financiamento e mecanismos progressivos de tributação”, afirmou o presidente, que voltou a defender mudanças na governança global para o enfrentamento de antigos e novos desafios. “Uma maior diversidade de vozes precisa ser levada em conta. É por isso que saudamos a incorporação da União Africana como membro pleno neste Fórum”, disse.
Lula enfatizou que “o Brasil tem noção do tamanho da sua responsabilidade” à frente do G20 e anunciou que, a partir de 1º de dezembro, serão divulgados o calendário e as notas conceituais que orientarão os trabalhos nas várias instâncias do grupo.
O presidente acrescentou que, em 13 de dezembro, receberá, em Brasília, representantes das Trilhas Política e de Finanças. “Queremos fomentar maior coordenação entre ambas as Trilhas”, pontuou .
Além disso, Lula anunciou que, durante a presidência brasileira, os grupos técnicos e as reuniões ministeriais preparatórias serão sediadas em várias cidades de todas as cinco regiões do Brasil. Também reafirmou a prioridade de ampliar a participação popular nas discussões do G20.
“Jovens, mulheres, trabalhadores, empresários, povos indígenas, parlamentares, cientistas, acadêmicos e representantes de todos os outros grupos vulneráveis precisam ser ouvidos como artífices e beneficiários do desenvolvimento sustentável. Por isso, asseguraremos ampla participação social nos trabalhos do G20 e sediaremos uma Cúpula da Sociedade Civil, previamente à Reunião dos Líderes”, detalhou Lula.
Outro tema abordado pelo presidente foi a cúpula do G20 que será realizada no Rio de Janeiro em novembro de 2024.
Mundo mais complexo
Durante a reunião virtual, Lula reiterou os cumprimentos ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, “pelo excelente trabalho dele e de sua equipe por ocasião da presidência indiana” no G20. Disse que, “poucas semanas após o nosso último encontro presencial, o mundo está ainda mais complexo”.
“Rivalidades geopolíticas persistem, a economia global desacelera e as consequências das mudanças climáticas se sucedem. O recrudescimento do conflito no Oriente Médio vem somar-se às múltiplas crises que já enfrentávamos”, disse o presidente.
“Quero saudar o acordo anunciado hoje entre Israel e o Hamas, que envolve a libertação de reféns (mulheres e crianças) em troca de uma trégua temporária de 4 dias e da libertação de prisioneiros palestinos (mulheres e crianças)”, acrescentou.
Lula disse esperar que esse acordo possa pavimentar o caminho para uma saída política e duradoura para o conflito e para a retomada do processo de paz entre Israel e Palestina. “Esse conjunto de desafios vai exigir vontade política e determinação por parte de governantes e dirigentes de todos os países e organismos internacionais. Por meio do diálogo, temos de recolocar o mundo no caminho da paz e da prosperidade”, enfatizou.
Matéria publicada originalmente no PT Na Câmara.