No 23º episódio do podcast “Papo Reto”, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) recebeu o jornalista e escritor Marcelo Godoy, autor do livro “Cachorros: A História do Maior Espião dos Serviços Secretos Militares e a Repressão aos Comunistas até a Nova República”, que será lançado em agosto. A obra narra a trajetória de Severino Theodoro de Mello, que tinha como codinome Vinícius, um militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) que foi cooptado pela inteligência militar e atuou como agente duplo infiltrado no partido.
Marcelo Godoy também é autor do premiado livro “A Casa da Vovó: Uma Biografia do DOI-Codi”, vencedor dos prêmios Jabuti (2015) e Sérgio Buarque de Holanda, da Biblioteca Nacional (2015). Godoy destaca que essas obras são frutos de uma extensa pesquisa sustentada por documentos e depoimentos. “As obras me tomaram mais ou menos uns 20 anos ouvindo, lendo, procurando por pessoas, depoimentos, documentos, arquivos aqui no Brasil e no exterior para conseguir consolidar essas histórias”, disse o jornalista.
Em “Cachorros”, o jornalista aborda a história do agente que foi um importante espião dos militares na ditadura. A obra retrata a complexidade da trajetória de Mello que diante da tortura aceitou trabalhar para o Exército fornecendo infomações. “Não podemos transferir a culpa para quem é torturado, mas temos que saber que existem limites. Nessa época muitos foram presos e, quando postos em liberdade, não traíram seus companheiros. Mas o Mello optou por ser informante e recebeu salário do Exército até depois da redemocratização. Ou seja, ele não era mais alvo e não havia mais possibilidade de ser morto”, destacou o escritor.
Na conversa, Zarattini ressaltou a importância dos registros de Godoy diante da inovação da perspectiva dos relatos sobre os acontecimentos históricos da ditadura militar. “A maioria dos livros que retratam esse período da história é feito sobre a perspectiva da esquerda, das vítimas da repressão ou das organizações que lutavam contra a ditadura militar. A obra “Os Cachorros” inovou ao trazer depoimentos de agentes da repressão, de espião, é outro olhar sobre esse tempo tão sombrio”, disse.
História: Em 1938, Severino Theodoro de Mello entrou para o PCB e chegou a cuidar do imóvel onde se escondia o líder comunista Luiz Carlos Prestes. No dia 10 de maio de 1966, enquanto caminhava por Copacabana, ele foi abordado por um agente do Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão de espionagem da ditadura militar brasileira e colocado diante de um ultimato: virar informante ou morrer.
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