No novo episódio do podcast Papo Reto, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) entrevistou Claudinho Silva, ex-ouvidor das polícias de São Paulo. Durante a conversa, eles abordaram o aumento da letalidade policial no estado sob o comando do governador Tarcísio de Freitas e do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, e reforçaram a necessidade de uma política de segurança pública que respeite a população e os direitos humanos.
Claudinho encerrou seu mandato de dois anos e destacou o papel da Ouvidoria em acolher tanto as demandas da população quanto as dos próprios policiais. “A gente está com esse sentimento de dever cumprido. Fizemos o que devia ser feito, dialogamos com as pessoas, recebemos e acolhemos as demandas da população e dos policiais.”
No final de 2024, casos de violência policial em São Paulo ganharam as manchetes do país. Entre eles, a morte de uma criança de 4 anos, por bala perdida em um confronto policial no em Santos, e o assassinato de um estudante de medicina com um tiro à queima-roupa durante uma abordagem na Vila Mariana, Zona Sul da capital.
Outros episódios de violência, como a execução de um jovem em frente a um mercado no Jardim Prudência e um homem jogado de uma ponte por um PM expuseram os abusos e deficiências da corporação. De acordo com um levantamento do Datafolha, 52% da população que tomou conhecimento dos casos de violência policial relataram sentir mais medo do que confiança na polícia.
O deputado federal Carlos Zarattini apontou a gravidade dessa situação. “A polícia ao invés de oferecer segurança tem gerado temor na população. Isso é impressionante e preocupante. A polícia deveria ser um porto seguro para os cidadãos, mas hoje as pessoas têm medo dela.”
Para Claudinho Silva, esse cenário compromete a relação entre a sociedade e as instituições. “Quando a população não confia na polícia, ela se aproxima do crime. Isso é muito grave, pois dá espaço para atividades ilegais. A polícia que não atua dentro da legislação ou das normas acaba se afastando das pessoas.”
Letalidade policial na gestão Tarcísio: Dados do Ministério Público mostram que houve um salto de 355 para 702 mortes cometidas por agentes entre 2022 e 2024. O levantamento revela um aumento significativo das mortes por intervenção policial em São Paulo nos últimos dois anos. Entre janeiro e novembro de 2022, durante a gestão anterior, foram registradas 355 mortes. No mesmo período de 2024, segundo ano da gestão Tarcísio, o número saltou para 702, mais que o dobro.
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