Efeito Lula: investimentos anunciados pelo setor automotivo no país atingem R$ 53,8 bi

O anúncio mais recente, de US$ 1,1 bi (R$ 5,4 bi), foi feito pelo CEO da Hyundai, Euisun Chung, durante encontro com o presidente Lula nesta semana

23 fev 2024, 16:00 Tempo de leitura: 5 minutos, 28 segundos
Efeito Lula: investimentos anunciados pelo setor automotivo no país atingem R$ 53,8 bi

Foto: Ricardo Stuckert

O presidente-executivo global do grupo Hyundai, Euisun Chung, anunciou novos investimentos no Brasil, durante encontro com o presidente Lula, na quinta-feira (22), no Palácio do Planalto. Até 2032, segundo ele, um aporte de US$ 1,1 bilhão (R$ 5,4 bilhões) será aplicado em tecnologia, em particular de carros híbridos, elétricos e movidos a hidrogênio verde, em sintonia com o programa Mobilidade Verde (MOVER), do governo federal. Desde a posse de Lula, os investimentos do setor automotivo anunciados no país já somam R$ 53,8 bilhões, o que favorece o desenvolvimento com geração de empregos.

O encontro no Palácio do Planalto também teve a participação do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.

Alckmin iniciou apresentando aos executivos da Hyundai os desenvolvimentos recentes das políticas industrial e energética brasileiras e a prioridade conferida à reindustrialização e à descarbonização.

Em seguida, Euisun Chung falou sobre a política de investimentos da Hyundai, destacando que ela se tornou a terceira maior montadora do mundo em volume e que o Brasil recebeu a primeira fábrica da empresa no Hemisfério Sul, em Piracicaba (SP). O CEO também citou a criação de mais de 6.500 empregos diretos e o estoque de investimentos no país da ordem de US$ 2,5 bilhões (R$ 12,4 bilhões).

Lula destacou a aprovação da reforma tributária, a melhora do ambiente de investimentos no Brasil e o papel da indústria automobilística para a política de reindustrialização.

O presidente também comentou sobre as perspectivas da transição energética, uma prioridade, inclusive, para o setor de petróleo e gás no Brasil, o que reforça a liderança do país em energias renováveis. Ressaltou a prioridade conferida à educação e citou o programa Pé de Meia, de auxílio financeiro a estudantes de baixa renda do ensino médio, com vistas a combater a evasão escolar e melhorar os índices educacionais no país.

Convergência

Ainda durante a reunião, Euisun Chung destacou a convergência de prioridades da Hyundai com as do governo brasileiro, em particular nas áreas da transição energética e da educação. Destacou, nesse sentido, investimentos da empresa em programas de responsabilidade social voltados ao tratamento odontológico e ao reflorestamento nas áreas onde está instalada, além da formação básica e técnica de pessoal e do compartilhamento de tecnologias. Manifestou também os votos de êxito ao Brasil na presidência do G20.

Lula expressou interesse na realização de uma reunião bilateral de alto nível entre Brasil e Coreia do Sul, por ocasião do G20, e comentou sobre as diretrizes conferidas pela presidência brasileira do grupo, incluindo a reforma da governança global, a inclusão social e a agenda da sustentabilidade e da mudança climática. Destacou que interessa ao país o debate multilateral sobre o impacto de novas tecnologias, como a inteligência artificial.

Retomada do setor automotivo

Antes do US$ 1,1 bilhão (R$ 5,4 bilhões) da Hyundai, já haviam sido anunciados no país, durante o governo Lula, investimentos da Volkswagen (R$ 16 bi), GM (R$ 7 bi), BYD (R$ 3 bi), GWM (R$ 10 bi), Renault (R$ 5,1 bi), CAOA (R$ 4,5 bi) e Nissan (R$ 2,8 bilhões).

Esse total de 53,8 bilhões em investimentos é resultado dos esforços do governo federal para a reindustrialização do país e de um cenário econômico nacional positivo, impulsionado pela reforma tributária, pelo câmbio estável, entre outros fatores.

“Se ele [investidor estrangeiro] enxergar que, no horizonte, o Brasil está arrumado do ponto de vista tributário, ele vem para cá”, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à jornalista Míriam Leitão, da GloboNews, na quarta-feira (21), ao falar sobre a volta de expressivos investimentos do setor automotivo no país.

Além da reforma tributária, Haddad ressaltou que também a prioridade dada pelo governo Lula à transição energética e o potencial do país nessa área têm atraído as montadoras. “Muita gente vai preferir investir mais na tecnologia do hidrogênio verde, do etanol, da água, tem várias formas de produzir hidrogênio verde”, disse o ministro.

Ele relembrou o pessimismo que tomou conta do país durante o governo passado, que, além de não ter uma política industrial, era liderado por um presidente que levou o país à beira de uma ruptura institucional, o que também inibe investimentos. O resultado foi uma fuga recorde de multinacionais do país, e não só montadoras, como Ford e Mercedes-Benz, mas também empresas dos setores farmacêutico, eletroeletrônico, varejista, entre outros.

“Todo mundo estava dizendo que o Brasil ia perder em automobilístico; inclusive, com a saída da Ford do Brasil, todo mundo falou: ‘bom, agora é uma questão de tempo para todas saírem’. Todas que ficaram, e mais as entrantes, tipo BYD, estão anunciando [investimentos]”, declarou o ministro.

Venda de automóveis dispara

Outro sintoma de retomada do setor automotivo no Brasil é o aumento das vendas. Em janeiro, o número de carros vendidos no país (162 mil) foi 13% maior do que no mesmo período de 2023 (143 mil). A produção nacional ficou estável, na faixa de 152 mil unidades em janeiro dos dois anos. Além disso, 18,8 mil veículos foram exportados em janeiro de 2024.

O balanço foi apresentado no início deste mês pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), em entrevista coletiva que contou com a presença de Geraldo Alckmin.

“O Brasil é o 8º fabricante do mundo de veículos, o 6º maior mercado do mundo, e nós temos tudo para crescer. Então, conte conosco e nós contamos com vocês para a gente ter mais investimento. Vamos ter esperança de nos aproximarmos de R$ 100 bilhões, para a gente poder gerar emprego e renda”, ressaltou Alckmin, na ocasião.

O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, disse que a entidade fará o que estiver a seu alcance para que este recorde de investimentos se concretize. “Além de credibilidade, segurança e crescimento econômico, é preciso previsibilidade para a atração de investimentos. E isso acaba de ser assegurado com a publicação do programa MOVER”, afirmou.

Texto publicado originalmente no site do Planalto e MDIC