O ciclo econômico infernal implementado pela equipe do ministro-banqueiro Paulo Guedes retroalimenta a inflação galopante e causa danos em todos os setores da economia. Pressionada pelos seguidos aumentos nos preços dos combustíveis, em especial do óleo diesel, a cadeia de distribuição de produtos, por exemplo, está prestes a repassar os custos para os consumidores.
Segundo matéria do jornal Valor Econômico com base em dados da NTC & Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), nos últimos 12 meses os gastos de logística rodoviária com cargas fechadas subiram 25,31% Com cargas fracionadas (em quantidades menores), o salto foi de 22,47%.
Com isso, o setor de transportes tenta renegociar os contratos com empresas varejistas e atacadistas, demandado reajustes de 5% a 10% para o transporte de mercadorias. Do outro lado, empresas e sites de comércio tentam adiar os reajustes no frete alegando que os consumidores não tiveram aumento de renda e não conseguiriam arcar com o aumento de custos.
A pressão sobre a estrutura de custos das cadeias de lojas e dos sites aumenta o risco de que a conta vá para o bolso do consumidor. Segundo empresas ouvidas pelo Valor, plataformas on-line e varejistas de maior porte têm segurado os pedidos de aumentos, mas há outras que já repassaram parcialmente os reajustes.
“O mercado tinha uma expectativa grande para o segundo semestre, mas em geral os volumes de carga estão bem abaixo do esperado”, afirma Lauro Valdivia, assessor técnico da NTC&Logística. “No início do ano já houve reajustes, de 9%, 10%, mas hoje essas altas se mostraram insuficientes diante da inflação.”
O fato de os veículos da frota de transporte de carga brasileira terem idade média de 15 anos eleva os gastos com custos de manutenção e maior consumo de combustíveis. Só estes têm impacto de 30% a 60% do valor do frete no país. Desde abril, houve alta de 10% a 22% no preço pago na bomba pelo óleo diesel, que vem sendo vendido em média a R$ 4,63 por litro.
Como o transporte rodoviário ainda é o principal sistema logístico do país, muitos são os impactos em vários setores. No agronegócio, os produtores de frutas já sofrem com o aumento no valor do frete e também dos insumos. Em maio, o preço médio do frete para produtos subiu 1,2% em comparação com abril, segundo o Índice FreteBras do Preço do Frete (IFPF).
Diesel e outros combustíveis são o principal componente no custo logístico da agroindústria, e os preços não recaem apenas sobre o frete. Há gastos maiores com a mecanização agrícola, que é a diesel, com o transporte de trabalhadores e até com o preço do adubo. Em 2021, as cotações dos fertilizantes subiram entre 70% e 95% em dólar conforme o Rabobank, grupo especializado no agronegócio.
A intervenção de Silva e Luna durante a audiência foi alvo de críticas da Federação Única dos Petroleiros (FUP), que afirmou que mais uma vez o general preferiu culpar o ICMS, imposto estadual, pela contínua alta dos preços. Segundo a entidade, de janeiro a agosto deste ano a Petrobras reajustou a gasolina em suas refinarias em 52% e o diesel em 40%, e a empresa é responsável por metade do valor cobrado nas bombas.
A FUP defende que a dolarização é, na prática, uma política de incentivo às importações de derivados e do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). Com ela, são beneficiados produtores internacionais e importadores, como se o Brasil não produzisse internamente quase todo o petróleo que consome e não tivesse capacidade de refino.
“Enquanto a gestão da Petrobras não mudar a política de preços, de nada adianta o presidente da companhia ir ao Congresso defender o indefensável, lançando mão de mentiras”, disse o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar. “O PPI é uma política injusta e desproporcional, que não considera que a Petrobras tem custos internos, e não internacionais”, finalizou.
Da Redação do PT, com informações do PT na Câmara e agências