Em discurso no plenário da Câmara dos Deputados, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) fez críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, pela decisão de reduzir o ritmo dos cortes da taxa básica de juros.
Apesar dos resultados positivos na economia como aumento da geração de empregos, crescimento da renda das famílias brasileiras, controle da inflação e crescimento do PIB acima das projeções, a taxa Selic permanece em 10,5%, a segunda maior taxa real de juros do mundo.
Para o parlamentar, a postura do presidente do BC prejudica a economia do país, dificultando novos investimentos por parte dos empresários e impedindo o crescimento econômico. A recente ata do Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu o ritmo dos cortes na taxa de juros, que estava sendo de 0,5%, para 0,25%. Copom apontou um suposto risco inflacionário diante dos bons resultados da economia, incluindo o mercado de trabalho aquecido e o aumento real no salário mínimo.
“Campos Neto trabalha para atender os interesses do mercado financeiro. A taxa de juros estratosférica limita o crescimento da economia e prejudica a política econômica do governo”, completou Zarattini.
O parlamentar também criticou a postura de Campos Neto que recentemente foi homenageado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Na oportunidade, ele sinalizou a intenção de assumir o Ministério da Fazenda em um possível governo de Tarcísio. Para Zarattini, o presidente do Banco Central comprometeu sua credibilidade e autonomia ao revelar suas intenções políticas.
“Campos Neto já vinha há algum tempo demonstrando as suas preferências partidárias e agora botou o bloco na rua, já se colocando como possível ministro da Fazenda, do futuro quem sabe presidente Tarcísio. Ou seja, jogando a autonomia do Banco Central para o ralo e demonstrando claramente que ele atende a interesses políticos”, disse.
SUSPEITAS: Zarattini criticou a dependência do Banco Central em relação aos indicadores do Boletim Focus, que frequentemente erra em suas previsões. Em 2023, previu um crescimento do PIB de 0,8% enquanto o governo previa 1,6%. O resultado real foi 2,92%. Este ano o mercado prevê 2,05%, mas o crescimento real já está em 2,22%.
“Campos Neto se baseia no famoso boletim Focus, que é um relatório feito a partir das expectativas dos agentes do mercado financeiro. Esse boletim Focus erra constantemente, sempre com projeções pessimistas para economia”, destacou o deputado.
O Ministério Público Federal ingressou com uma representação para “identificar eventuais desvios de finalidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na definição da taxa Selic”. O documento aponta a possibilidade de influência indevida das projeções constantes do Boletim Focus, afirmando que instituições financeiras poderiam manipular o índice para ganhos próprios e em prejuízo aos interesses públicos.
Assista: