De acordo com diálogos, Lava Jato permitiu compartilhamento de provas com o FBI em 2015. No entanto, segundo a Agência Pública, o pedido só foi formalizado no Ministério da Justiça em 2018. Especialistas falam em tentativa de “esquentar” informações e “lavagem de provas”. A defesa de Lula afirma que compartilhamento de informações é ilegal
Em matéria especial publicada nesta sexta-feira, 12, a Agência Pública revelou que novos diálogos evidenciam o interesse de agentes do FBI e do Departamento de Justiça americano (DOJ) nas investigações relativas à Operação Triplo X, que mirou a empresa de offshores Mossack Fonseca e o tríplex no Guarujá atribuído ao ex-presidente Lula.
De acordo com a Agência Pública, um diálogo travado no Telegram traz a informação que a Polícia Federal (PF) foi procurada pelo FBI um mês antes da operação ser deflagrada, em dezembro de 2015. A Policia Federal então, segundo a Pública, requereu o aval da força-tarefa para compartilhar a investigação com os americanos. E recebeu sinal verde de Deltan Dallagnol.
“O compartilhamento pode ser policial”, disse Dallagnol, orientando o procurador Julio Noronha a não passar por um acordo de cooperação oficial nem pela autoridade central – nesse caso, o Ministério da Justiça. Especialistas ouvidos pela Pública classificam como ilegal o compartilhamento de informações sensíveis ou sigilosas com autoridades americanas sem acordo de cooperação, como determina o tratado bilateral.
O diálogo foi travado apenas dois dias depois da Lava-Jato ter requerido autorização a Sergio Moro para a realização da Operação Triplo X – assim batizada por conta da suspeita de que o tríplex 164-A do Condomínio Solaris, no Guarujá, pertencia a Lula, de acordo com a análise da Agência Pública. O pedido feito em 15 de dezembro de 2015 não mencionava o ex-presidente, mas tratava da venda de um apartamento no Condomínio Solaris para Nayara de Lima Vaccari, filha de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT.
Os diálogos vazados, destaca a matéria da Agência Pública, mostram a proximidade entre PF, procuradores e o FBI no caso da Lava Jato, incluindo “total conhecimento” das investigações sobre a Odebrecht. No entanto, a Lava Jato escondeu do governo federal visita do FBI e dos procuradores americanos. Deltan Dallagnol e Vladimir Aras não entregaram nomes de pelo menos 17 americanos que estiveram em Curitiba em 2015 sem conhecimento do Ministério da Justiça.
Leia a matéria completa, com os diálogos, na Agência Pública.
Da Redação, com Agência Pública.
Matéria publicada originalmente no site Partido dos Trabalhadores e replicada neste canal.