Paralisação contra o plano de reestruturação do BB que prevê cinco mil demissões e fechamento de centenas de agências e outras unidades do banco acontece em todo o Brasil, nesta sexta-feira (29)
Funcionários do Banco do Brasil fazem nesta sexta-feira (29) uma paralisação contra o pacote de reestruturação que a direção do banco pretende aplicar. A mobilização foi discutida e organizada em sindicatos de norte a sul do país. A reestruturação prevê o fechamento de centenas de agências, postos de atendimento e escritórios, além da demissão de 5 mil funcionários.
O plano do governo federal define mudanças em 870 pontos de atendimento por meio do fechamento de agências, postos de atendimento e escritórios e a conversão de 243 agências em postos. Também estão previstas a transformação de oito postos de atendimento em agências, de 145 unidades de negócios em Lojas BB, além da transferência de local de 85 unidades de negócios e a criação de 28 unidades de negócios.
“Os sindicatos têm passado nas agências, levando faixas e conversando com os bancários, para que a gente faça uma grande mobilização no dia de amanhã, contra essa reestruturação. Só assim iremos forçar o banco a negociar” disse o coordenador nacional da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga.
O plano que prevê milhares de demissões e fechamento de centenas de agências e outras unidades do BB não foi discutido com os funcionários e seus representantes. A reação à reestruturação vem crescendo desde o seu anúncio, no dia 11 deste mês. Na semana passada, dia 21, houve um Dia Nacional de Luta contra a Reestruturação, que mobilizou funcionários em todo o Brasil. Foram realizadas reuniões nas agências e escritórios, distribuição de uma carta aberta à população, colagem de cartazes e um tuitaço com a hashtag #MeuBBvalemais, que figurou entre os 10 assuntos mais comentados no Twitter.
Para João Fukunaga, a paralisação desta sexta acontece em um momento grave do país, que vive o impacto da segunda onda da pandemia. “É uma luta de dentro do BB para fora, para a população. É uma luta para preservação da vida das pessoas, de quem é grupo de risco. Estamos convocando o pessoal que está em home office a não bater o ponto, para fazermos uma grande mobilização. Essa é uma greve de dentro para fora, por conta, inclusive, da pandemia, da grande parte dos funcionários estarem em home office”, explicou o coordenador da CEBB.
Lucros
Fukunaga destaca que, para a direção do BB a demissão de milhares de funcionários e o desmonte do banco é feita para ampliar os lucros pagos aos acionistas. Na segunda-feira (25), a direção do banco anunciou a distribuição de dividendos em 2021, em documento enviado ao mercado financeiro. De acordo com o documento, o percentual do lucro pago aos acionistas (payout) será de 40%. Sobre o resultado de 2020, o BB aprovou um payout de 35,29%.
“Para a direção do banco, o que vale nessa reestruturação, com a desestruturação de famílias, retirada de comissão, forçando as pessoas a saírem no PDV é o pagamento dos acionistas. É para isso que está sendo feita essa reestruturação. com isso, a gente vê o quanto o funcionário vale para o banco”, completou.
Papel Social
O BB é um importante instrumento de crédito para a agricultura, indústria, comércio, pequenas e médias empresas e para as pessoas físicas, em suas mais de 73 milhões de contas espalhadas pelo Brasil. É, muitas vezes, o único banco nos municípios localizados nos rincões do País, sendo o responsável pela concessão de 60% do crédito agropecuário, em especial para a Agricultura Familiar, responsável por 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros.
Do portal da CUT
Matéria publicada originalmente no site Partido dos Trabalhadores e replicada neste canal.