Em meio ao aumento de casos de Covid-19 no País, o primeiro dia de aplicação das provas do Enem 2020 (Exame Nacional do Ensino Médio), nesse domingo (17), teve recorde de abstenção: 51,5%. Além de cenas de aglomerações, estudantes denunciaram a falta de organização e segurança nos locais de prova.
Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 5.523.029 pessoas se inscreveram no Enem, mas apenas 2.680.697, menos da metade (48,5%), compareceram aos locais de provas. Os ausentes somaram 2.842.332 (51,5%), o que representa a maior taxa de abstenção da história do exame.
“O Enem realizado durante a pandemia foi um desastre. Com 51% de abstenção, o Governo Bolsonaro conseguiu frustrar o sonho de acesso ao ensino superior de milhões de estudantes. Nota zero para a forma como o MEC conduziu a realização das provas”, escreveu a deputada Professora Rosa Neide (PT-MT) em suas redes sociais.
A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), deixou claro que o Partido dos Trabalhadores foi contra a realização do Enem nesse momento de pandemia. “PT foi contra o Enem nesse momento, e Bolsonaro será responsabilizado se a pandemia se agravar e aumentar a contaminação. Especialistas alertaram, mas governo ignorou e vimos aglomerações nos locais de prova. Que estudantes, trabalhadores e suas famílias preservem suas vidas”.
O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR) defende a anulação do Enem. “A desastrosa e perigosa realização do Enem, no último fim de semana, quando candidatos foram impedidos de participar, não deixa alternativa senão anular o processo. Anula Enem”.
Impedidos de realizar o exame
Em diversos estados do Brasil, os estudantes foram impedidos pelos fiscais de fazer a prova com a justificativa de que as salas já tinham atingido a capacidade máxima de participantes, que era de 50% da capacidade dos espaços. O Inep, responsável por distribuir os alunos por salas, havia assegurado que teriam espaços suficientes para todos os inscritos no exame, mas não foi isso que aconteceu. Estudantes também denunciaram que houve aglomeração e filas sem distanciamento social.
O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) questionou quem vai pagar o prejuízo desses alunos. “Quem vai pagar o prejuízo destes alunos que foram impedidos de fazer a prova do Enem ou por aqueles que não puderam ir por estarem contaminados por Covid ou por estarem em quarentena devido a familiares doentes com o vírus? Mais absurdos deste DESgoverno”.
O parlamentar ainda afirmou que o Núcleo de Educação do PT na Câmara dos Deputados irá enviar um ofício ao Ministério da Educação solicitando acesso aos dados oficiais de comparecimento da Prova do Enem. “É uma estupidez imensurável deste DESgoverno ter realizado o Enem nestas condições. Mais um ataque ao ensino”, disse Zeca Dirceu.
Para o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) é “inaceitável impedir os jovens de fazer o Enem pela falta de organização, não tem cabimento”.
“As cenas das aglomerações durante a realização do Enem demonstram a prática de mais um crime por esse presidente. Impeachment urgente”, escreveu o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) em seu Twitter.
Repercussão
Mais parlamentares da Bancada do PT na Câmara usaram suas redes sociais para denunciar o fracasso do exame.
“Está aí o resultado: mais de 50% dos inscritos não compareceram ao exame. O maior da história do Enem. Fracasso da irresponsabilidade do MEC e do governo Bolsonaro. Não suspenderam as provas e os alunos não compareceram”, afirmou o líder da Minoria na Câmara Federal, deputado José Guimarães (CE).
A deputada Rejane Dias (PT-PI) criticou a falta de empatia do MEC com os estudantes brasileiros. “O Enem desse domingo teve recorde de abstenção: 51,5% dos alunos inscritos não foram fazer a prova. A falta de empatia do MEC tirou a chance de milhares de alunos de ingressarem na faculdade. É triste e lamentável esse capítulo na história do Enem”.
Para o deputado Afonso Florence (PT-BA) Bolsonaro estimula a exclusão na educação. “Com 210 mil mortos, Bolsonaro força realização do Enem. Compreensivelmente, mais da metade dos alunos não fez a prova. Bolsonaro transforma o Enem, de instrumento de inclusão, em instrumento de exclusão”.
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) disse que a realização da prova em meio à pandemia foi um dos atos mais covardes que já viu. “Metade dos inscritos não foram fazer a prova do Enem. O negacionismo do governo Bolsonaro acaba de tirar a chance de milhares de alunos que sonhavam em entrar numa universidade. Realizar essa prova no meio da pandemia foi um dos atos mais covardes que eu já testemunhei em vida”.
“Fracasso na saúde e na educação! No mesmo dia em que foi humilhado na área da saúde, com o início da vacinação contra a covid-19, Jair Bolsonaro também perdeu na educação: o Enem 2021 foi um fiasco total, com a maior taxa de abstenção da história”, escreveu o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).
Lorena Vale
Matéria publicada originalmente no site PT na Câmara e replicada neste canal.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil