Desemprego recorde, pobreza, fome, miséria e mortes em escala catastrófica são o retrato do Brasil de Bolsonaro. Quadro que tende a se agravar com o fim, em 30 dias, do auxílio emergencial. “O que Bolsonaro está fazendo pelo Brasil é nos levar ao século 19”, sentenciou o líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara, deputado Enio Verri (PR), nesta terça-feira (1º). “O fim do auxílio emergencial como determinou o governo Bolsonaro é um crime”, emendou o líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE).
“Ao chegarmos em dezembro, que nem os R$ 300 serão mantidos, segundo declarações do próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, o quadro tende a piorar ainda mais, agravando a situação social” afirmou Enio Verri, alertando que “o caos social é inevitável”. Ele ainda lembrou o papel desempenhado pela bancada petista na Câmara pela aprovação do benefício no valor de R$ 600 e que Bolsonaro reduziu para R$ 300 e, agora, acaba com o auxílio.
Para o líder da Minoria no Congresso Nacional, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), esse cenário assombroso mostra que o povo, aqueles que mais precisam da presença do Estado, no momento de crise sanitária e econômica, foram abandonados à própria sorte.
Ele criticou duramente a postura do presidente da República e do ministro da Economia na condução das questões sociais, sanitárias e econômicas. “A situação é gravíssima porque a política econômica do Paulo Guedes e do Bolsonaro é de deixar o povo abandonado mesmo. Eles estão se lixando para desemprego recorde”, protestou Zarattini.
Face cruel
Ao avaliar o cenário que se delineia a partir do término do auxílio emergencial, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minoria da Câmara (CDHM), deputado Helder Salomão (PT-ES), disse que ao acabar como benefício, Bolsonaro “mostra a face mais cruel desse governo, que não tem preocupação com a vida das pessoas, com a saúde, e isso vai ter como consequência o agravamento da crise econômica e social no nosso País”.
Segundo o deputado, a não prorrogação do auxílio enquanto durar a pandemia “é uma crueldade com o povo brasileiro”. Ele disse que o quadro que o Brasil testemunhará, certamente, será de pessoas sofrendo e passando fome. “Vai aumentar a fome, o desemprego e vai aumentar o número de pessoas que vão morrer por causa da Covid-19, já que as condições de vulnerabilidade de muitas famílias vão aumentar nesse próximo período, sem a prorrogação da emergência sanitária”, lamentou Helder Salomão.
O parlamentar reiterou que o povo brasileiro está “desassistido e abandonado a própria sorte, nesse governo que não tem nenhuma sensibilidade com a vida das pessoas”.
Quadro social dramático
Ex-ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Lula, o deputado Patrus Ananias (PT-MG) classificou de dramático o momento pelo qual passa o País. O parlamentar defende a manutenção do benefício. “Não tenho dúvida da necessidade da manutenção e aperfeiçoamento do auxílio emergencial. O quadro social do País é dramático”, enfatizou citando que são mais de quatorze milhões de desempregados, sem contar aqueles que já se afastaram definitivamente no mercado de trabalho e não mais procuram emprego. “É assustador o número de pessoas, às vezes famílias inteiras, em situação de rua nas nossas cidades. Então, o quadro social do Brasil é realmente muito tenebroso”, completou Patrus.
O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) partilha da mesma opinião e aponta a questão humanitária como uma das grandes consequências dos desatinos provocados pelo governo e sua equipe econômica. “O fim do auxílio emergencial vai trazer prejuízos grandiosos para além do ponto de vista social, eu diria até humanitário, porque a pandemia agrava a situação, provoca danos a vida de quem é pobre, de quem é miserável. Então, a gente pode ter problema humanitário mesmo, com pessoas morrendo de fome, morrendo por falta de um mínimo de condição”, alertou.
Vai ter luta
Em 31 de dezembro os beneficiários do auxílio emergencial deixarão de receber o valor de R$ 300, mas Zeca Dirceu disse que ainda há esperança, uma vez que a medida provisória (MP 1000/20), que reduziu o valor de R$ 600 para R$ 300 e prorrogou a validade do benefício só perde a validade no dia 31 de dezembro. Ele acredita que a Câmara, até essa data, pode prorrogar o auxílio e ampliar o seu valor.
“Vamos lutar para que o benefício não acabe. Ainda há esperança. Haverá luta até dia 31 de dezembro”, assegurou Zeca Dirceu.
Fora, Bolsonaro
O deputado José Guimarães disse que o Brasil não pode mais fingir que não enxerga as maldades, atrocidades e desumanidade praticados por Jair Bolsonaro. De acordo com Guimarães, é cruel o que esse governo de extrema direita está fazendo com o País, com as pessoas que acreditaram que esse governo tinha algum compromisso com aqueles que mais necessitavam.
“Esse governo está fracassado, ele tem que sair, o Brasil não suporta mais dois anos de governo Bolsonaro, porque as políticas que ele desenvolveu não só afetou a vida das pessoas, como quebrou o País. O Brasil hoje é um país endividado, quebrado, sem respeito perante o mundo, por conta desta que foi a maior armadilha que as forças do mercado fizeram quando elegeram Bolsonaro. Chega de governo Bolsonaro”, reforçou Guimarães.
Helder Salomão também acredita que já passou da hora de Bolsonaro “ser defenestrado” da Presidência da República. “Há necessidade de começarmos a nos organizar para colocar um fim nesse governo que representa as elites do País, os grandes bancos, os grandes grupos econômicos, o capital financeiro, e que abandona a grande maioria da população que precisa de apoio concreto para atravessar esse momento difícil”, defendeu.
O deputado e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP) criticou a falta de conhecimento do governo em relação àqueles que mais precisam e que vivem aquém das condições dignas de vida. “Só quem nunca pisou numa comunidade da periferia das grandes cidades, numa região pobre das áreas remotas ou junto à população em situação de rua para não saber a necessidade de prorrogação do auxílio emergencial nesse momento, para que milhões de brasileiros mantenham alguma renda para não se expor, não se submeter a mendicância, para não se submeter a atividades de trabalho insalubres para não passar fome nesse momento da Covid-19″, enfatizou.
Combate à Covid
Alexandre Padilha lembrou que o auxílio emergencial tem ajudado as pessoas a se manterem longe do vírus da Covid-19, ao proporcionar condições para aquisição dos produtos sanitários básicos que contribuem na assepsia diária das pessoas.
“O auxílio emergencial tem sido não só uma renda para milhões de brasileiros. Tem sido o dinheiro que ajuda a comprar o álcool gel, água sanitária, sabonete, a evitar que tenha que se expor ao longo do dia para pedir esmola, se expor em atividades profissionais insalubres”, apontou o ex-ministro.
Alexandre Padilha disse ainda, que o fim do auxílio emergencial “vai aprofundar a perda de renda da população, a desigualdade no Brasil, vai dificultar o acesso, inclusive, a produtos básicos de higiene e vai aumentar o número de brasileiros do mapa da fome em meio a maior pandemia que nós conhecemos”.
Benildes Rodrigues
Matéria publicada originalmente no site PT na Câmara e replicada neste canal.
Foto: Marcello Casal – Agência Brasil