Polícia Federal abre inquérito para investigar mortes por metanol em SP

Força-tarefa integrada envolvendo ministérios da Justiça e da Saúde apura a origem das bebidas adulteradas e possível elo com o crime organizado após 5 mortes e 10 casos atípicos registrados no estado

3 out 2025, 15:31 Tempo de leitura: 4 minutos, 50 segundos
Polícia Federal abre inquérito para investigar mortes por metanol em SP

O governo federal agiu rapidamente na abertura de uma investigação sobre o aumento de casos de intoxicação por metanol em São Paulo, substância tóxica que até agora provocou a morte de cinco pessoas. Além de emitir alertas à rede de urgência e emergência do SUS e orientações à população, o governo determinou à Polícia Federal (PF) que atue na identificação de possível envolvimento de facções criminosas do estado.

Nesta terça-feira (30), em entrevista coletiva, os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e de Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowsky, e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, detalharam as medidas da força-tarefa do governo do presidente Lula para apurar com rigor e rapidez a origem e distribuição das bebidas adulteradas, visando à responsabilização criminal e ao atendimento ágil e eficaz das pessoas que apresentarem sintomas de intoxicação.

Além da investigação sobre a suspeita de envolvimento do crime organizado, Lewandowsky determinou à Polícia Federal a abertura de inquérito para verificar a procedência da substância e a existência de distribuição em outros estados.

“Trata-se de uma ocorrência grave, com reflexos na saúde pública. O inquérito policial permitirá verificar a procedência da droga e a possível rede de distribuição. No momento, as ocorrências estão concentradas em São Paulo, mas tudo indica que é uma ocorrência que transcende os limites do estado”, explicou Lewandowsky.

PF em campo
Nas redes sociais, o Ministério da Justiça repostou uma publicação do governo, que dizia: “Polícia Federal em campo. Combate ao crime organizado”. Em outra postagem, destacou a união dos órgãos federais na investigação e combate às intoxicações.

“Tomamos medidas enérgicas para não só identificar a origem como também coibir a distribuição desses produtos que são claramente intoxicantes para a população, em íntima cooperação com o Ministério da Saúde”, declarou o ministro da Justiça na coletiva.

O diretor-geral da PF atestou a importância da ação integrada do governo. “A investigação dirá se há conexão com o crime organizado. Nós trabalharemos de maneira integrada, como temos feito por determinação do ministro Lewandowsky”, disse.

SUS em alerta
O Ministério da Saúde determinou à rede de urgência e emergência do Sistema Único de Saúde (SUS) a imediata notificação, ao Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), de casos suspeitos de intoxicação por metanol, que pode provocar cegueira e morte.

“Essa determinação é para que possamos identificar mais rapidamente não só o que está acontecendo no estado de São Paulo, mas também possíveis intoxicações em outros estados do país, a partir de comportamentos clínicos e epidemiológicos anormais”, destacou o ministro Alexandre Padilha, ao reforçar que a entrada da PF se deve “à suspeita de envolvimento de uma organização criminosa relacionada à adulteração de bebidas”.

O Ministério da Saúde publicou nas redes sociais orientações sobre como a população pode se proteger da intoxicação por metanol. Pessoas que consumiram álcool de procedência desconhecida e tenham qualquer sintoma relacionado à intoxicação por metanol devem procurar imediatamente uma unidade de saúde.

Os principais sintomas são dor abdominal, visão turva, confusão mental e náusea, que podem aparecer entre 12h e 24h após a ingestão da substância.

Situação atípica
O Ministério da Saúde registra média de 20 casos por ano de intoxicação pela substância, mas em 2025, apenas no mês de setembro, já foram 10 casos identificados em São Paulo, o que revela uma situação atípica.

As ocorrências anteriores de intoxicação foram registradas em pessoas em extrema vulnerabilidade ou em situação de rua que ingeriram álcool adulterado em postos de gasolina. Agora, em poucos dias, as pessoas intoxicadas apresentaram um histórico de ingestão recente, em bares, de bebidas alcoólicas como gim, uísque, vodca, entre outras.

Diante dessa nova realidade, na segunda-feira (29) foi realizada reunião extraordinária do Comitê Técnico do Sistema de Alerta Rápido (SAR) do governo federal, que confirmou até então 10 casos de intoxicação por metanol relacionados ao consumo de bebida alcoólica no estado de São Paulo.

Rastreamento das bebida
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) foi acionada para apurar o risco sanitário provocado pela adulteração de bebidas alcoólicas. Com base no Código de Defesa do Consumidor e na legislação penal, a Senacon solicitou várias informações sobre a aquisição, o armazenamento, a manipulação e a comercialização dos produtos, e concedeu prazo de 24 horas para resposta aos estabelecimentos que venderam as bebidas alcoólicas supostamente adulteradas.

Com os dados em mãos, a Senacon poderá rastrear as bebidas comercializadas e identificar outros focos, além de verificar o cumprimento dos deveres de segurança, avaliar a retirada de mercado de bebidas destiladas e viabilizar pronta cooperação com Vigilâncias Sanitárias, Procons, Polícia Civil e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A recomendação é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos comercializados. Aos consumidores, a orientação é evitar a compra de bebidas sem rótulo, lacre de segurança ou selo fiscal, até a conclusão das investigações.

Nas redes sociais, o Ministério da Justiça postou orientações com alertas aos sinais de adulteração das bebidas.

Texto originalmente publicado pelo site do PT Nacional