Em NY, Lula cobra reforma da ONU e propõe COP 30 como marco climático

À imprensa, na sede da ONU, Lula defende multilateralismo, paz em Gaza e na Ucrânia, e projeta a COP 30 com metas e financiamento para florestas tropicais

25 set 2025, 13:09 Tempo de leitura: 5 minutos, 0 segundos
Em NY, Lula cobra reforma da ONU e propõe COP 30 como marco climático
Foto: Ricardo Stuckert

Na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, o presidente Lula apresentou um balanço de sua agenda durante uma coletiva de imprensa, reforçou a defesa do multilateralismo e da democracia e projetou a COP 30 como “a COP da verdade” . Sobre o encontro com o presidente dos EUA, Donald Trump, Lula avaliou como início de uma reaproximação estratégica e voltou a cobrar uma reforma do Conselho de Segurança.

“Eu torço para que dê certo, porque Brasil e Estados Unidos são as duas maiores democracias do continente”, disse. “Brasil e Estados Unidos voltarão a viver em harmonia e quimicamente resultados.”

Lula afirmou que a participação brasileira na semana da ONU buscou fortalecer a ideia do multilateralismo, a ideia da democracia e a COP 30, que será realizada em Belém, na Amazônia, no mês de novembro.

Ele declarou que a reunião do clima em Belém precisa ser um divisor de águas. “Eu tenho dito que em Belém a gente vai fazer a COP da verdade. Porque se a gente não fizer a COP da verdade, a humanidade vai perder a crença nessas reuniões de chefe de Estado.”

O presidente ressaltou que decisões baseadas em ciência devem guiar governos. “Sabe, não é mais um presidente da república dizer eu acho, eu acredito não. A gente quando está no cargo, a gente não acha e nem acredita. A gente assiste aquilo que fala a ciência.”

Fundo Florestas Tropicais Para Sempre
Lula destacou a maneira como foi construído o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFF) e celebrou anúncios internacionais e cobrou ambição. “É uma inovação extraordinária, porque não é um fundo de doação, é um fundo de investimento. E quem faz investimento vai ganhar dinheiro e uma parte desse dinheiro vai ser aplicada para que a gente mantenha a floresta em pé. Fiquei feliz com o anúncio do presidente da China, Xi Jinping, e estou muito otimista de que vamos chegar na COP 30 com os países nos tratando com muita seriedade.”

O presidente também defendeu o uso responsável da renda fóssil para acelerar a transição. “Nós temos que utilizar os combustíveis fósseis, mas temos a expectativa de que as pessoas vão ter que usar esse dinheiro para ir investir, sabe, no fim do combustível fóssil.”

Sobre o encontro com Trump, Lula disse que foi inesperado e positivo. “Aquilo que parecia impossível, deixou de ser impossível e aconteceu e eu fiquei feliz quando ele disse que pintou uma química boa entre nós.” Segundo o presidente, há espaço para uma agenda ampla entre os países. “Não tem limite, sabe, de assunto para a gente conversar e não tem veto de assunto, é qualquer assunto.”

Ao ser questionado sobre medidas comerciais, Lula indicou prudência e princípios. “Seria precipitado da minha parte dizer o que eu vou negociar antes de começar a negociar. O que não é discutível é a soberania brasileira e a nossa democracia. Isso não é discutível, nem com o presidente Trump, nem com nenhum presidente do mundo”, frisou o presidente.

Gaza e guerra na Ucrânia
O presidente classificou o que ocorre na Faixa de Gaza como genocídio e enfatizou que a ONU precisa ter força para criar o Estado Palestino. “A mesma ONU que teve força para criar o estado de Israel, ela precisa ter força para criar o Estado Palestino.”

Sobre a guerra na Ucrânia e o encontro com o presidente Volodymyr Zelensky, Lula disse enxergar disposição crescente para negociar. “Hoje senti o Zelensky com muito mais vontade de conversar do que em outras reuniões, que eu acho que é a mesma coisa do Putin. Ele voltou a defender um grupo de países para construir saídas. Eu tinha feito uma proposta baseada no documento aprovado pelo Brasil e pela China na criação de grupo de amigos. Essa proposta continua em pé.”

Orçamento para os pobres
Em coletivo, Lula ligou os conflitos armados à persistência da fome e da desigualdade no mundo. “Não é normal a quantidade de países que estão gastando trilhões de dólares em armamento, quando nós precisaríamos gastar trilhões de dólares para acabar com a fome no orçamento. Nós acabamos com o mundo fome outra vez em dois anos e meio no Brasil . Se todos os governantes do mundo colocarem o pobre dentro do orçamento, a gente acaba com a pobreza muito rapidamente.”

O presidente cobrou ainda uma atualização institucional da ONU e defendeu mudanças no Conselho de Segurança. “A fotografia de 2025 do mundo não é mais da fotografia de 45. É preciso acabar com o direito de veto na ONU. É preciso que todos cumpram.”

Para Lula, as avaliações e punições deverão ser decididas coletivamente. “Se um país não cumpriu uma decisão que prejudica o planeta, ele merece ser punido, não de forma unilateral, ser punido pelo conjunto dos países e pelo conjunto da humanidade.”

Sobre as metas ambientais do Brasil e o desmatamento zero , Lula disse que a missão é cumprir o compromisso. “Nós assumimos o compromisso de até 2030 a gente chegar ao desmatamento zero na Amazônia. E, portanto, como ninguém pediu para a gente propor e a gente propôs, nós temos responsabilidade de cumprir.”

Ao final da coletiva, o presidente comentou a derrota da PEC no Brasil, derrubada nesta quarta-feira (24) pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal por unanimidade.

“Era previsível. O destino que ela merece. Desaparecer porque foi uma vergonha nacional. O único jeito das pessoas serem protegidas é as pessoas não fazerem coisa errada.”

Texto originalmente publicado pelo site do PT Nacional.