
A valorização de toda expressão cultural sempre foi uma das premissas das gestões petistas. Prova disso é que, desde que assumiu o governo, o presidente Lula, por meio do Ministério das Mulheres, tem dado visibilidade ao movimento Hip-Hop.
Além de criar, no ano passado, o Fórum Nacional de Mulheres do Movimento Hip-Hop, iniciativa que reúne representantes do Poder Executivo e entidades da sociedade civil, o governo federal lançou nesta quarta-feira (9) o Prêmio Mulheres no Hip Hop. Para mais informações, acesse aqui. No dia 16, será realizada uma live para tirar dúvidas sobre o edital.
A premiação visa o reconhecimento de iniciativas culturais brasileiras promovidas por mulheres ou entidades protagonizadas por mulheres que tenham prestado relevante contribuição ao desenvolvimento artístico ou cultural, relacionadas com a promoção continuada da Cultura Hip-Hop ao longo de 40 anos no Brasil e 50 anos no mundo.
De acordo com o Ministério das Mulheres, responsável pela iniciativa, o prêmio faz parte do Programa Intersetorial Mulheres no Hip-Hop, criado pela Portaria nº 117, de 2 de dezembro de 2024. Ao todo, serão contempladas 65 iniciativas: 20 prêmios individuais, no valor de R$ 26.250 cada, e 45 prêmios para grupos, coletivos e instituições privadas sem fins lucrativos, no valor de R$ 55 mil.
“As mulheres do Hip-Hop constroem há décadas uma cultura de resistência, criatividade e afirmação de direitos. Com este prêmio, o Ministério das Mulheres reconhece essa trajetória, valoriza essas vozes e reafirma nosso compromisso com políticas públicas que enfrentam a misoginia, promovam a igualdade e fortaleçam os territórios culturais onde as mulheres estão. O Hip-Hop é política, é cuidado, é arte que transforma, e as mulheres estão no centro dessa transformação”, destacou a ministra Márcia Lopes.
A premiação valoriza iniciativas culturais protagonizadas por mulheres que contribuíram para o desenvolvimento da Cultura Hip-Hop nestes 40 anos da manifestação artística no Brasil. Podem se inscrever obras, atividades, produtos e ações como: projetos de composição, arranjos, produção de beats, shows, vídeos, discos, arquivos audiovisuais, sítios de internet, revistas, batalhas, rodas culturais, cyphers, jams, espetáculos, slam, beatbox, graffiti, artes visuais, pesquisas, mapeamentos, fotografias, seminários, ciclos de debates, palestras, workshops, oficinas, cursos livres, festivais e fóruns.
De acordo com o edital, entende-se por iniciativas culturais espetáculos, shows, apresentações artísticas e culturais, cursos, oficinas, seminários, palestras, intervenções, vivências, intercâmbios, ações de troca de saberes entre gerações, atividades criativas e de produção artística e cultural, fóruns e festivais, dentre outras já promovidas ao longo do tempo por agentes e núcleos culturais, pessoas físicas, grupos/coletivos culturais e instituições privadas sem fins lucrativas de natureza ou finalidade cultural.
A medida representa uma forma de valorizar as expressões culturais do Hip-Hop no Brasil, por sua influência no modo de vida das mulheres, e fortalecer a identidade cultural de mulheres que atuam no segmento.
Sociedade civil ativa na construção do Prêmio
O prêmio é fruto das agendas interministeriais da Construção Nacional do Hip-hop, que tiveram início em 2023, junto à pasta das mulheres. Como um início dessa política pública voltada para as mulheres do Hip-hop, foi fundado, em 2024, o Fórum que tinha como uma das funções, dar prosseguimento ao diálogo feito com o MMulheres, explica Cláudia Maciel, jornalista e facilitadora geral da Construção Nacional do Hip Hop.
“A Construção Nacional do Hip-hop acredita que premiar as praticantes da cultura é uma iniciativa de promoção da inclusão e do respeito. Como também contribuirá com a transformação social, pois estas mulheres serão reconhecidas pelo impacto significativo que causam na sociedade por meio do hip-hop. Dessa maneira, seus trabalhos tendem a ter maior visibilidade e multiplicar o alcance. Esta premiação também terá uma importante contribuição no que tange a pauta racial, desafia os estereótipos colocando mulheres negras em posições de destaque e as transformando em inspiração em seus territórios, uma vez que a maioria do público do hip-hop é negro, e ainda fortalece a autoestima e a confiança dessas mulheres encorajando-as a ocupar novos espaços de liderança”, contextualizou Cláudia.
Para Alyne Sakura, também da Construção Nacional do Movimento Hip-Hop em Alagoas, a importância do fórum como espaço de construção coletiva. “É entender a necessidade de discutir políticas públicas dentro do movimento Hip-Hop com foco nas mulheres. O movimento é político, educacional, artístico e cultural. Ele traz formação e, aqui dentro do ministério, estamos discutindo ideias reais”, afirmou.
“Esse edital é um marco histórico. Estou desde 1996 no Hip-Hop – são 27 anos de luta pela inserção das mulheres, contra a violência e pela nossa liberdade de expressão”, comemorou Flávia Souza, representante da Frente Nacional do Hip Hop no Rio de Janeiro e titular do fórum.
Cida Ariporia, representante da Rede Frente Nacional de Mulheres no Hip Hop no Amazonas, falou que o movimento alcança talentos em comunidades indígenas. “Esse dia é muito importante para nós, de visibilidade e de resistência. A cultura Hip-hop sempre esteve – e continua – dentro da periferia, principalmente das comunidades indígenas do Amazonas. Então a gente está aqui também representando e fortalecendo cada vez mais essa luta.”
Texto originalmente publicado pelo site do PT Nacional