A pesquisa “Percepções sobre o Racismo no Brasil”, realizada pelo Instituto Peregum e Projeto SETA (Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista), revelou que o maior país da América Latina e a nação com maior população negra fora da África é racista.
O levantamento revelou que 81% concordam totalmente ou em parte que o Brasil é um país racista, enquanto 11% afirmam que têm atitudes ou práticas racistas, 10% que trabalham em instituições racistas, 13% que estudam em instituições educacionais racistas, 12% que sua família é racista, 36% que convivem com pessoas que têm atitudes racistas e 46% que convivem com pessoas que sofrem racismo.
“Fica evidente que a democracia racial não é mais uma crença hegemônica no Brasil”, aponta o levantamento. “Embora a população identifique o racismo como um problema no país, muitos ainda têm dificuldade em assumir sua presença nos espaços privados e mais íntimos de suas vidas. Grande parte concorda que o Brasil é um país racista, mas poucos assumem ter atitudes ou práticas racistas. Assim, existe um Brasil racista sem que as pessoas o identifiquem em suas próprias condutas ou experiências de vida”, diz um trecho da pesquisa.
No Brasil, o racismo é crime. Segundo a lei 7.716/89, serão punidos os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
O critério raça/cor/etnia é considerado o principal fator gerador de desigualdades no país, seguido pela classe social. A identidade étnico-racial é facilmente declarada pela maioria dos brasileiros, e a população negra é a que mais identifica sofrer racismo, revela o estudo que foi realizado com duas mil pessoas em 127 municípios brasileiros das cinco regiões do país durante o mês de abril de 2023.
As manifestações mais comuns de racismo são violência verbal, tratamento desigual, violência física e negação de oportunidades. A população também reconhece o racismo institucional, considerando que pessoas negras são mais criminalizadas e tratadas de forma desigual pelas polícias. E aumentar a representatividade de pessoas negras nos espaços de poder é visto como uma forma de diminuir as desigualdades estruturais.
Ainda segundo o estudo, 76% das mulheres pretas e 66% das mulheres pardas concordam que o Brasil é um país racista. Para 62% das pessoas, o racismo é uma ação ou prática motivada contra um grupo de uma raça/cor/etnia. Já para 30% dos entrevistados, o racismo ocorre devido às características de uma pessoa. Outro aponta que 25% acreditam que o racismo ocorre pelo fator religião de um grupo, e para 23% o racismo é a principal fonte de produção de desigualdades a partir das diferenças entre grupos.
Importância da educação
O relatório afirma, também, que “a promoção de uma educação de qualidade para todos e todas é um desafio para a sociedade atual, e uma das principais questões a serem enfrentadas é a abordagem de temas relevantes nas escolas. Segundo a pesquisa Percepções do Racismo no Brasil, o tema mais importante a ser debatido é o racismo, com 69% das pessoas considerando-o prioritário. A história e cultura afro-brasileira (40%) e história e cultura indígena (36%) também são relevantes, mas ainda em patamares menores.”
Da Redação do Elas por Elas, com informações do Instituto Peregum e do Projeto SETA