Bolsonaro acende barril de pólvora inflacionário com aumento da gasolina

Jair Bolsonaro esconde sua incompetência na gestão do país ao eximir-se de culpa pelo mais novo aumento dos combustíveis autorizado pela Petrobras.

11 mar 2022, 16:38 Tempo de leitura: 4 minutos, 57 segundos
Bolsonaro acende barril de pólvora inflacionário com aumento da gasolina

Especialistas alertam para disseminação em cadeia das pressões inflacionárias para outros setores da economia, como fretes e transportes urbanos. Com Lula, gasolina custava R$ 2. Entenda como.

Imagem: site do PT

Jair Bolsonaro esconde sua incompetência na gestão do país ao eximir-se de culpa pelo mais novo aumento dos combustíveis autorizado pela Petrobras, na quinta-feira (10). A empresa anunciou reajustes de 18,8% para a gasolina e 25% para o diesel, acendendo um verdadeiro barril de pólvora inflacionário. A apoiadores, o extremista de direita admitiu que é um fantoche do mercado financeiro e de acionistas estrangeiros: “Eu não decido nada, não”. Mentira. A Política de Preços Internacionais (PPI) da Petrobras, instituída pelo usurpador Temer e que dolariza os preços dos combustíveis, é uma decisão política de seu governo, que agora se esconde atrás do conflito na Ucrânia para operar um reajuste letal para a economia brasileira. Especialistas alertam que o aumento-bomba dos combustíveis provocará uma reação em cadeia na inflação, alastrando-se para setores como fretes e transportes urbanos, entre outros.

“Existe um impacto indireto”, confirmou o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), ao G1. “São aqueles que vêm com aumento do preço do frete, das pressões sobre (o preço dos) ônibus urbanos”, destacou Braz. “Os impactos vão ainda para o agronegócio, as máquinas do campo são movidas a diesel. É um aumento que ajuda a espalhar as pressões inflacionárias”, apontou o pesquisador.

O reajuste dos combustíveis também afetará duramente o varejo. Segundo o jornal Valor, consultorias reviram projeções para as vendas de combustíveis e lubrificantes no ano, com baixas de 0,5% e 0,6%, respectivamente. Antes, havia projeções de alta de 2,4% e 1,6%.

“Não há mais condição de trabalhar”, desabafou o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Dahmer, ao Brasil de Fato. “Não tem como acomodar um aumento desse no combustível no preço de um frete”, justificou o sindicalista.

“Não há mágica. Quem consegue, de um dia para outro, se adaptar a um aumento de 25% no seu custo?” Dahmer observou ainda que antes do novo reajuste, que ainda não reflete os aumentos gerados pelo conflito externo, o custo do diesel abocanhava 60% do lucro em um típico serviço de frete oferecido por caminhoneiros.

Previsão para IPCA deve ser revista

À BBC, Braz alertou que as previsões para o IPCA fechar o ano em 7,5% poderão sofrer revisões para cima. “É inflação na veia, porque o diesel é usado no agronegócio, no frete, no transporte público urbano, fora o aumento da gasolina”, lembrou o pesquisador da FGV. “Isso pode desencadear novos reajustes em outros segmentos, então esse 7,5% [e estimativa de inflação para 2022] é até meio ingênuo, pois não estou levando em conta nenhum outro efeito indireto”.

A taxa de fevereiro medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), sofreu alta de 1,01%, a maior desde 2015, batendo 10,54% em 12 meses. De acordo com Braz o impacto maior do reajuste dos combustíveis será sentido ainda em março (1,05%) e abril (0,47%). “Mas isso não leva em conta os efeitos do ‘espalhamento’ dos combustíveis nos demais preços da economia”, insistiu.

Com Lula, gasolina custava R$ 2

Em 2010, último ano de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a média do preço da gasolina foi de R$2,50 e durante todo o ano, o aumento foi de apenas 2,04%. Naquela época, o governo fazia o contrário de Bolsonaro, priorizava a população brasileira, ao invés de acionistas da empresa. Como não existia a prática de paridade internacional, a Petrobras adotava uma política de preços que não repassava a totalidade das variações de curto prazo dos preços internacionais de petróleo para os preços domésticos de derivados. É isso que explica o preço barato nas bombas.

¨Nossa gasolina não tem que seguir preço internacional, o óleo diesel não tem que seguir preço internacional, o gás não tem que seguir preço internacional”, alertou Lula, no início deste ano. “Isso se chama safadeza e irresponsabilidade com o povo brasileiro. Em vez de você engordar o acionista dos Estados Unidos, é importante você fazer refinarias para abaixar o custo do petróleo nesse país”, definiu.

Lula não apenas priorizou o povo como ainda valorizou os ativos da empresa no processo. Com isso, a Petrobras se tornou uma das maiores empresas em valor nas bolsas, valendo-se da condição de quase única grande produtora de petróleo, grande refinadora e grande importadora e distribuidora de derivados no país. A Petrobras seguiria por esse caminho até o golpe de 2016 que tirou Dilma Rousseff da Presidência.

Outros aumentos-bomba virão

O aumento anunciado para esta sexta-feira é o maior em um ano, segundo o Observatório Social da Petrobras (OSP), ligado à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). Levando-se em conta que a Petrobras ainda não repassou os reajustes internacionais do preço do barril de petróleo ao mercado interno, outros aumentos-bomba podem ser esperados pelos brasileiros.

Com os desdobramentos do conflito na Ucrânia, o barril de petróleo ultrapassou US$ 130 (R$ 656). Quando a Petrobras anunciou o último aumento, em 11 de janeiro, o barril custava cerca de US$ 83 (R$ 419).

Da Redação, com G1ValorFolha, BBC, Brasil de Fato e lula.com.br

Matéria publicada no site do PT e replicada neste canal.