O novo crime contra a saúde pública contraria decisão da Anvisa, que autorizou a vacinação, e também a experiência da maioria dos países do mundo.
Depois de tentar impedir a vacinação de adolescentes em setembro deste ano, Bolsonaro e seu governo da morte investem agora contra vacinar as crianças entre 5 e 11 anos. O novo crime contra a saúde pública contraria decisão da Anvisa, que autorizou a vacinação, e também a experiência da maioria dos países do mundo. Na semana passada, Bolsonaro ameaçou os técnicos da Anvisa, estimulando os ataques bolsonaristas que chegaram à ameaça de morte aos funcionários da instituição (veja abaixo vídeo dos servidores da Anvisa em defesa da instituição e da vacina).
Apostando contra a urgência da vacinação, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fez coro com Bolsonaro adiando a decisão do governo sobre a vacinação para 5 de janeiro. Além da exigência de receita médica, o presidente antivacina também quer que os pais e responsáveis de menores de 12 anos tenham que assinar um termo de responsabilidade para vacinar as crianças. Para o submisso Queiroga, no caso da vacinação das crianças, “a pressa é inimiga da perfeição”.
Na sexta-feira, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu ao governo federal prazo de 48 horas para se manifestar sobre a inclusão de crianças de 5 a 11 anos no Plano Nacional de Vacinação contra a Covid (nesta segunda-feira, 20, atendendo solicitação da Advogacia Geral da União, Lewandowski estendeu o prazo até o dia 5 de janeiro). A decisão do ministro Lewandowski atendeu petição do PT que solicitou ao STF determinar ao governo que complemente o Plano Nacional de Vacinação, para incluir as crianças dessa faixa etária. O pedido do PT teve por base a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Ao contrário do que diz o ministro, o Ministério da Saúde tem outra avaliação sobre a necessidade da vacinação das crianças brasileiras. Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (Sim) do Ministério da Saúde, o número de crianças que morreram de Covid-19 no país supera o total de mortes por doenças preveníveis. Mesmo representando apenas 0,18% de óbitos pela doença, a Covid-19 mata 38 vezes mais crianças do que outras doenças evitáveis por vacina.
O descompromisso do ministro Queiroga com a vida das crianças brasileiras também não tem base nos dados do próprio Ministério que ele, supostamente, dirige. Desde o início da pandemia, o Brasil registrou 3.561 mortes de crianças e adolescentes de até 19 anos por Covid-19, dos quais 326 eram bebês de até 1 ano de idade. Com isso, o Brasil é o segundo país com mais mortes de crianças pelo coronavírus no mundo, atrás apenas do Peru, em termos proporcionais.
Da Redação, com Brasil de Fato
Publicado originalmente no site do PT.