Carestia: inflação de outubro é a maior desde 2002

Em seu discurso, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) explicou o motivo da PEC 23 ser chamada PEC do Calote. “É porque adia o pagamento de R$ 40 bilhões de precatórios que deveriam ser pagos no ano que vem. Esses precatórios atendem inúmeras, milhares de pessoas que durante anos pelejaram para conseguir garantir seus direitos na justiça. Sabe lá Deus quando vão ser pagos esses precatórios. Porque nada é garantido”, enfatizou.

10 nov 2021, 20:10 Tempo de leitura: 3 minutos, 37 segundos
Carestia: inflação de outubro é a maior desde 2002

Combustíveis dolarizados pela Petrobras são a maior causa da carestia. INPC também subiu, mas dois terços das negociações em agosto fecharam com reajuste abaixo da inflação

Imagem: site PT

Em 2021, o IPCA já acumula alta de 8,24% no ano. Nos últimos 12 meses, de 10,67%, acima dos 10,25% observados nos 12 meses imediatamente anteriores e maior patamar desde janeiro de 2016 (10,71%). Em outubro de 2020, a variação mensal foi de 0,86%.

A inflação foi mais disseminada em outubro do que em setembro. O índice de difusão passou de 65% para 67%. O indicador reflete o espalhamento da alta de preços entre os 377 produtos e serviços pesquisados pelo IBGE. Todas as áreas e todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta.

O maior impacto (0,55 p.p.) e a maior variação (2,62%) vieram de Transportes, que aceleraram em relação a setembro (1,82%). A segunda maior contribuição (0,24 p.p.) veio de Alimentação e bebidas (1,17%), e a segunda maior variação veio de Vestuário (1,80%).

Habitação, com alta de 1,04% e 0,17 p.p. de impacto, e Artigos de residência, que variou 1,27%, contribuindo com 0,05 p.p. no índice do mês, também se destacam. Os demais grupos ficaram entre o 0,06% de Educação e o 0,75% de Despesas pessoais.

Mais uma vez, a alta nos Transportes (2,62%) decorre principalmente dos preços dos combustíveis (3,21%). A gasolina subiu 3,10% e teve o maior impacto individual no mês (0,19 p.p.). Foi a sexta elevação consecutiva nos preços desse combustível, que acumula altas de 38,29% no ano e de 42,72% nos últimos 12 meses.

Também aceleraram os preços das passagens aéreas, em 33,9%. Houve alta em todas as regiões pesquisadas, a até 47,52% em Recife. A depreciação cambial e a alta dos preços do querosene de aviação, segundo o gerente do IPCA, têm contribuído com o aumento das passagens aéreas. Outro destaque foi a aceleração dos preços do transporte por aplicativo (19,85%), que já haviam subido 9,18% em setembro.

Já a alta do grupo Habitação (1,04%) foi influenciada mais uma vez pela energia elétrica (1,16%). Em outubro, foi mantida a bandeira Escassez Hídrica, que soma R$ 14,20 na conta a cada 100 kWh consumidos. Ainda em Habitação, destaca-se o gás de botijão (3,67%), na 17ª alta consecutiva, promovida também pela gestão do general Joaquim Silva e Luna na Petrobras. A variação acumulada é de 44,77% desde junho de 2020.

O resultado frustrou a expectativa do Relatório de Inflação do Banco Central (BC), que indicava o pico do IPCA em setembro e desaceleração no acumulado de 12 meses em outubro. O BC estimou a inflação em 8,5% no fim de 2021, enquanto o mercado financeiro, no Boletim Focus, espera por 9,33%.

A alta da gasolina está relacionada aos reajustes sucessivos que têm sido aplicados no preço do combustível, nas refinarias, pela Petrobras”, explica o gerente do IPCA, Pedro Kislanov. “Além da gasolina, houve aumento também nos preços do óleo diesel (5,77%), do etanol (3,54%) e do gás veicular (0,84%)”, acrescentou.

Maioria não repõe perdas

Referência para reajustes de salários e benefícios previdenciários, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de outubro subiu 1,16%, 0,04 p.p. abaixo do resultado de setembro (1,20%). Também é o maior resultado para o mês desde 2002 (1,57%). No ano, o indicador acumula alta de 8,45% e, em 12 meses, de 11,08%, acima dos 10,78% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

No entanto, o Boletim de Negociação mais recente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revela que dois terços das campanhas salariais de categorias com data-base em agosto tiveram reajuste abaixo da inflação acumulada.

Conforme o documento, 66,3% das negociações em agosto resultaram em perdas, ante 16,8% no mesmo mês de 2020. Dos acordos fechados até agora relativos a agosto, apenas 8,8% chegaram a reajuste acima do INPC. Outros 25% ficaram com índice equivalente ao da inflação.

Agosto apresentou o pior resultado de um ano que registrou acordos abaixo do INPC em seis de oito meses. Em consequência, no acumulado de janeiro a agosto o resultado também é ruim: quase metade dos reajustes (48,5%) ficou abaixo do INPC. Nada indica que setembro e outubro, com taxas recordes de inflação, tenham sido melhores.

Publicado no site https://pt.org.br/