Mandados de busca e apreensão contra o cantor e o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) atende solicitação da Procuradoria Geral da República que investiga crimes contra instituições democráticas
A Polícia Federal cumpriu na manhã desta sexta-feira (20) mandados de busca e apreensão em endereços do cantor Sérgio Reis e do deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ), em ação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que atendeu a uma solicitação da Procuradoria Geral da República (PGR).
O procedimento faz parte de investigação que apura a incitação de atos violentos contra a democracia. Segundo a nota divulgada pela Polícia Federal, o objetivo da ação é “apurar o eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes”.
Sérgio Reis começou a ser investigado após a publicação de vídeo em que o cantor sertanejo defendia a paralisação de caminhoneiros, a partir da data de 7 de setembro, com o objetivo de invadir o Senado e exigir o afastamento dos 11 ministros do Supremo, através de pressão contra o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Apesar de Sérgio Reis, em vídeo e áudios, discursar como se exercesse algum tipo de representação junto aos caminhoneiros, o presidente da Associação de Veículos Automotores (Abrava), Wallece Landim, o Chorão, chegou a desmentir o cantor e afirmou que a categoria não iria aderir aos atos do dia 7 de setembro convocados por Reis. Chorão liderou a categoria durante a grande paralisação de 2018.
Quatro endereços ligados ao cantor receberam a visita da Polícia Federal.
Já contra o deputado bolsonarista Otoni de Paula pesa uma denúncia pela PGR pelos supostos crimes de difamação, injúria e coação praticados por ele contra o ministro Alexandre de Moraes. Em vídeos do deputado divulgados nas redes sociais, o bolsonarista que na época era vice-líder do governo na Câmara chama o ministro do STF de “lixo” e de “canalha”.
No Rio de Janeiro, a PF realizou buscas em dois endereços do deputado e em seu gabinete político em Brasília.
No total, os policiais executaram um total de 13 mandados no Distrito Federal, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Ceará e Paraná, todos eles com ligação à investigação de supostos crimes de ameaça contra a democracia.
Além da busca e apreensão, Alexandre de Moraes determinou ainda que, com exceção de Otoni de Paula, que é parlamentar, nenhum dos demais investigados poderá se aproximar da Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Nesta quarta-feira, 18, o ministro da Defesa, general Braga Netto, foi interpelado pelos deputados sobre suas ameaças à Constituição, reforçando as declarações de Bolsonaro questionando a lisura das urnas eletrônicas.
Sob pressão
Pressionado pelas últimas ações judiciais envolvendo seus aliados em várias esferas, o presidente Jair Bolsonaro, depois de atacar novamente ministros do Supremo, negou na quinta-feira (19) qualquer pretensão sua de ruptura da ordem democrática, mas afirmou que o país “vem sendo sufocado por uma minoria”. E ainda defendeu a realização de protestos a favor do governo e contra o STF no feriado de 7 de setembro.
Como sempre, ele fez a defesa de páginas virtuais acusadas de publicar notícias falsas e ameaças às instituições democráticas e ainda falou em “liberdade de imprensa”. É bom lembrar que Bolsonaro constantemente promove ataques violentos à imprensa, além de agredir e ofender jornalistas durante entrevistas.
E, contraditoriamente, após reafirmar as críticas que tem feito aos ministros Moraes e Barroso, Bolsonaro disse que está sempre aberto ao diálogo, até mesmo com os dois membros do STF.
Da Redação
Matéria publicada no site Partido dos Trabalhadores e replicada neste canal.