“No âmbito dos nossos Estados, tudo faremos para ajudar a preservar a dignidade e a integridade do Poder Judiciário”, diz a nota assinada por governadores de 13 estados e do Distrito Federal. Texto reflete o isolamento de Jair Bolsonaro
Governadores de 13 estados e do Distrito Federal assinaram um documento em solidariedade ao Supremo Tribunal Federal (STF) e seus ministros em reação às ameaças à Corte feitas por Jair Bolsonaro. De acordo com o texto, “o Estado Democrático de Direito só existe com Judiciário independente, livre para decidir de acordo com a Constituição e com as leis”.
“No âmbito dos nossos Estados, tudo faremos para ajudar a preservar a dignidade e a integridade do Poder Judiciário. Renovamos o chamamento à serenidade e à paz que a nossa Nação tanto necessita”, complementaram. O teor do texto foi publicado pela coluna Painel.
Assinam o documento os governadores do DF, de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe, São Paulo, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Amapá.
Alvo de mais de cem pedidos de impeachment, Jair Bolsonaro anunciou que irá ao Senado entregar pedidos de impeachment dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. A iniciativa foi uma resposta à determinação de Moraes para a prisão do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, acusado de participação em um esquema de milícias digitais.
Bolsonaro tem colocado em dúvida a confiabilidade das urnas eletrônicas e criticado o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como uma demonstração de que não aceitará uma derrota em 2022. A possibilidade de um golpe vem acontecendo em contexto de alta da rejeição dele e liderança isolada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em pesquisas eleitorais.
O presidente do STF, Luiz Fux, criticou no dia 5 de agosto as ofensas de Bolsonaro. “Nos últimos dias, o presidente da República tem reiterado ofensas e ataques de inverdades a integrantes desta Corte, em especial os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Sendo certo que, quando se atinge um dos integrantes, se atinge a Corte por inteiro”, disse o magistrado em pronunciamento.
No dia 6 deste mês, Bolsonaro chamou Barroso de “filho da puta” e, no dia 9 de julho, disse que o ministro é “imbecil” e “idiota”.
No dia 5 de agosto, Bolsonaro ameaçou Moraes ao dizer que “a hora dele vai chegar”. O motivo foi a decisão do ministro pela inclusão de Bolsonaro no inquérito fake news por causa dos ataques sem provas à confiabilidade das urnas eletrônicas.
Em 9 de agosto, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) publicou fotos de um encontro com o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. A postagem foi feita poucos dias após o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, criticar as ameaças de golpe de Bolsonaro e acusações de fraudes em eleições no Brasil. Em 2020, Trump fez alegações parecidas e insuflou apoiadores a invadirem o Congresso por não aceitar a derrota para Joe Biden.
Isolado, Bolsonaro seguiu na semana passada com a tentativa de demonstrar força política. Na última terça-feira (10), tanques desfilaram com blindados na Esplanada dos Ministérios, no Palácio do Planalto e ao lado do Congresso. Mas o desfile não teve o sucesso esperado por ele. Ao todo, 93% dos posts acerca do evento foram negativos, de acordo com a Quaest Pesquisa.
A mesma instituição divulgou um levantamento, no dia 4 deste mês, apontando que a desaprovação do governo Bolsonaro é de 56% e 66% reprovam o comportamento dele.
No dia 30 de junho foi protocolado na Câmara um superpedido de afastamento de Bolsonaro. O objetivo das lideranças e entidades que assinaram o superpedido é unificar os argumentos dos mais de 120 pedidos de impeachment que haviam sido apresentados na Casa. Foram apontadas no documento mais de 20 acusações contra ele. Uma delas foi o estímulo a um golpe no país, com o fechamento do Congresso Nacional e do STF.
Via Brasil 247