Em 17 de março de 2019, quando completava 76 dias de governo, Jair Bolsonaro dava mais um de seus avisos, durante jantar na embaixada brasileira nos Estados Unidos. “Nós temos é que desconstruir muita coisa. Desfazer muita coisa”, disse, deixando claro que seu governo era de destruição.
Agora, na tentativa desesperada de se reeleger, elabora uma agenda para marcar os feitos de seus mil dias de governo. A lista de eventos inclui a inauguração de 10km de asfalto no sul da Bahia, a visita a uma estação de metrô em Belo Horizonte e a ampliação do aeroporto regional de Maringá (PR). Sim, na hora de construir, Bolsonaro parece um vereador. Sua especialidade, também como já avisou, é mesmo matar.
A morte é a principal marca dos mil dias do desgoverno Bolsonaro. Sua gestão genocida da pandemia gerou quase 600 mil vítimas da Covid-19. E quem escapa do vírus pode morrer ainda de fome (são 19,1 milhões sem comida no país) ou de bala (só no primeiro semestre deste ano, civis adquiriram 178 mil armas de fogo, responsáveis por 78% das mortes violentas no país) (veja quadro abaixo).
Quando não mata diretamente, Bolsonaro faz de tudo para tornar a vida inviável. Jogou, nesses mil dias, 2 milhões de famílias na miséria, fazendo o total de brasileiros em extrema pobreza chegar a 41,1 milhões, segundo o Cadastro Único (CadÚnico), do Ministério do Desenvolvimento.
Fez também o número de desempregados bater recorde, passando dos 14 milhões, e a inflação voltar à casa dos 10%, mas com alta dos alimentos acima dos 30% só nos últimos oito meses. E destruiu o meio ambiente, varrendo mais de 21 mil quilômetros de florestas nos dois primeiros anos de governo.
Em mil dias, Bolsonaro mostrou como destruir um país. Não por acaso, a maioria da população reprova seu governo e 69% não confiam nele. O Brasil não merece um dia a mais desse ataque continuado contra seu legado, seu presente e seu futuro. Esses mil dias de desgoverno são o maior motivo para a população ir às ruas no próximo sábado, 2 de outubro, exigir Fora Bolsonaro.
Em discurso no plenário da Câmara, o deputado federal Carlos Zarattini (PT/SP) criticou a intenção de Bolsonaro de comemorar os mil dias de governo. Não há o que celebra. Nos 1000 dias de gestão Bolsonaro, o governo não se sensibilizou e nem fez nada para mudar as taxas de desemprego. Hoje temos 15 milhões de desempregados, 7 milhões subempregados e 30 milhões vivendo com até um salário mínimo. E não houve nenhuma medida para minimizar esse cenário”.
Bolsonaro querer comemorar os 1000 dias de governo é uma afronta ao povo brasileiro, é um disparate diante da realidade. Eu repúdio essa comemoração porque a população está sofrendo e muito com a incompetência e o abandono desse governo. Vivemos a pior crise social em décadas.
— Carlos Zarattini (@CarlosZarattini) September 27, 2021
Matéria publicada no site do PT