“Em São Paulo, a polícia adotou a prática de atirar primeiro e perguntar depois”, diz Zarattini sobre as operações policiais no litoral

Em São Paulo, a violência policial ganhou destaque nas capas de jornais, durante a Operação Escudo e a Operação Verão da Polícia Militar, na Baixada Santista.

15 mar 2024, 09:38 Tempo de leitura: 3 minutos, 45 segundos
“Em São Paulo, a polícia adotou a prática de atirar primeiro e perguntar depois”, diz Zarattini sobre as operações policiais no litoral

No sexto episódio do Podcast Papo Reto com Zarattini, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) recebeu o ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo, Cláudio Silva, para uma conversa sobre a segurança pública, a falta de eficácia das operações de segurança, a necessidade de reformas na política de drogas e a urgência de medidas para proteger os direitos humanos e garantir a segurança das comunidades periféricas.

Em São Paulo, a violência policial ganhou destaque nas capas de jornais, durante a Operação Escudo e a Operação Verão da Polícia Militar, na Baixada Santista, que se estende desde o ano passado. Somados, o número de mortos nas duas operações chega a 75 pessoas. Desde então, a Ouvidoria da Polícia recebeu várias denúncias de moradores das comunidades sobre violações de direitos humanos na atuação dos agentes, com relatos de tortura e até execuções.

De acordo com Cláudio Silva, as duas operações têm similaridades e ambas receberam denúncias de abusos dos agentes nas comunidades de Guarujá, Santos e São Vicente. “A Operação Verão, que ainda está em atividade, decorre do mesmo motivo que a Operação Escudo, a morte de policiais. Porém, as duas são a mesma coisa, as práticas são as mesmas, as denúncias que têm chegado à Ouvidoria são as mesmas”, denunciou.

O ouvidor destacou que a Polícia Militar de São Paulo é uma das mais equipadas do país, com diversas tecnologias à disposição e fez críticas à falta de planejamento e inteligência nas operações policiais que resultam em abusos e violações de direitos humanos. “A polícia de SP é a mais equipada do Brasil. A tecnologia tem oferecido ao poder público uma série de mecanismos e soluções que devem ser usados nessas ocasiões. Portanto, era só usar os serviços de inteligência para identificar, localizar e prender a pessoa que praticou atos criminosos, mas eles preferem fazer uma operação como essa (Operação Verão) e colocar a PM dentro de comunidades, locais totalmente precários, com pessoas que moram em palafitas, no mangue, em situações difíceis para mais uma vez serem agredidas pelo Estado”, explicou Cláudio.

Zarattini complementou lembrando das câmeras nos uniformes, que podem ser uma ferramenta auxiliar durante as diligências policiais, porém o governador Tarcísio de Freitas e o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, são contrários à adesão. “Vejam só, a Operação Escudo teve início com a morte de um PM que foi registrada justamente pelas câmeras corporais que eles são contra. Foram as câmeras que possibilitaram identificar o autor dos disparos contra o policial, mesmo assim eles são contra”, disse.

Na entrevista, Zarattini também destacou os efeitos desproporcionais das ações policiais nas favelas e a postura do governador em relação à repressão violenta do crime. “O governador disse que está “nem aí” para as denúncias”, e complementou dizendo que a polícia adotou a prática do “atira primeiro e pergunta depois”.

O parlamentar também destacou que esse tipo de operação é mais prejudicial para as pessoas da periferia. “Em São Paulo estão seguindo essa linha de desencadear operações de repressão, de alta escala, contra o povo da periferia. Vai pegar criminosos? Sim, mas também acabam pegando muitos inocentes”, finalizou o parlamentar.

O Convidado

Cláudio Aparecido Silva, mais conhecido como Claudinho, é nascido e criado na Favela Monte Azul, no Jardim Santo Antônio, zona sul da capital paulista. É militante do movimento antirracista e filiado ao Partido dos Trabalhadores.

Cláudio foi nomeado como ouvidor das Polícias de São Paulo, órgão responsável por ouvir, encaminhar e acompanhar denúncias referentes a atos arbitrários, desonestos, indecorosos ou que violem os direitos individuais ou coletivos praticados por autoridades e agentes policiais, civis e militares.

O podcast

O Podcast Papo Reto com Zarattini é um programa de entrevistas semanal transmitido via Youtube todas as quintas-feiras, a partir das 20 horas.

O programa é apresentado pelo deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) com o intuito de tratar de política de uma forma diferente, debatendo assuntos de grande impacto social de forma simples e direta.

Assista o episódio na íntegra.