Presidente do BC sequestrou a política econômica do Brasil com as altas taxas de juros, acusa Zarattini

Carlos Zarattini reiterou que o presidente do Banco Central se considera com o poder de dirigir a economia, apesar de que quem foi eleito não ter sido ele, e sim o presidente Lula, que designou o ministro Fernando Haddad (Fazenda) para cuidar da economia.

4 abr 2023, 14:07 Tempo de leitura: 4 minutos, 32 segundos
Presidente do BC sequestrou a política econômica do Brasil com as altas taxas de juros, acusa Zarattini

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP), em pronunciamento no tempo de Liderança do partido, na noite dessa segunda-feira (27), fez duras críticas ao presidente do Banco Central, Campos Neto. “Hoje nós estamos vendo a política econômica do Brasil ser sequestrada por um homem, o presidente do Banco Central do Brasil, que não foi eleito por nenhum voto — por nenhum voto! —, a não ser o do ex-presidente da República, que o indicou para um mandato de 4 anos”, protestou.

Esse senhor, continuou Zarattini, “que não tem nenhum compromisso com o povo brasileiro”, resolveu manter a taxa de juros no Brasil como a maior taxa de juros do mundo. E essa taxa de juros, explicou o parlamentar, tem uma incidência enorme sobre a vida de todos os brasileiros e brasileiras. “É a taxa de juros que impede o crescimento das empresas. É a taxa de juros que leva milhares de pequenas e microempresas, principalmente, a uma situação de grande dificuldade de sobrevivência, porque não conseguem capital de giro para continuar funcionando. É a taxa de juros que impede o consumidor de financiar as suas compras”, criticou.

O deputado citou que tem indústria automobilística parando suas atividades por falta de compradores. “Essa taxa de juros se contrapõe à realidade, e aqui não sou eu quem está falando isso. Quem fala isso são os economistas de todas as tendências. O Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz veio ao Brasil e disse que não entende como a economia brasileira sobrevive com tal patamar de taxa de juros”.

Apesar de todo o esforço do governo Lula para garantir que a economia volte a funcionar no ritmo do crescimento econômico, Zarattini reconhece que a economia está estagnada. “E nós precisamos do crescimento econômico para gerar empregos para o nosso povo, em particular, para a juventude. Hoje [ontem] saiu um dado de que mais da metade dos jovens brasileiros estão desempregados, estão sem conseguir emprego, sem conseguir trabalho exatamente porque a economia não cresce”, lamentou.

Nova lei fiscal

Carlos Zarattini reiterou que o presidente do Banco Central se considera com o poder de dirigir a economia, apesar de que quem foi eleito não ter sido ele, e sim o presidente Lula, que designou o ministro Fernando Haddad (Fazenda) para cuidar da economia. “Este Congresso deu um prazo ao ministro Haddad para apresentar uma nova lei fiscal. Esse prazo ainda está longe, mas ele falou que vai antecipar essa apresentação. E, mesmo assim, Campos Neto mantém a taxa de juros alta. Nós não podemos aceitar esse tipo de coisa. O Brasil está parando”, alertou.

O parlamentar disse que reconhece que muitos deputados e deputadas defendem interesses empresariais. “E não sei por que eles não protestam contra esse absurdo que está sendo feito. Uma das maiores empresárias do varejo brasileiro, a Sra. Luiza Trajano, já veio a público condenar essa taxa de juros. O presidente da Fiesp já se manifestou contra essa taxa de juros. O conjunto das empresas sabe das dificuldades. Porém, o presidente do Banco Central prefere favorecer os financistas, prefere favorecer a especulação financeira a garantir o desenvolvimento brasileiro”, denunciou.

Redução da taxa de juros

Zarattini defendeu a redução imediata da taxa de juros. Ele argumentou que a inflação vem caindo, o preço dos alimentos vem caindo, “e vem caindo muito porque, em parte, o povo brasileiro tem dificuldades para sobreviver”. Ele acrescentou que o presidente Lula já garantiu a ampliação do Bolsa Família. A partir desse mês, todas as crianças com menos de 6 anos receberão R$ 150 além dos R$ 600, e todas as crianças e jovens de mais 6 anos até 18 anos receberão mais R$ 50. “Isso vai ser um alento enorme para o consumo. Ainda assim, será travado esse consumo e esse crescimento pelas taxas de juros pornográficas que o Banco Central decretou para a economia brasileira”, protestou.

Congresso deve protestar

“Nós precisamos mudar essa situação”, argumentou o deputado, para quem, o papel do Congresso não é ficar calado perante esse momento, mas, sim, protestar, porque não existe outro caminho. “Não pode esse 0,1% de bilionários brasileiros querer impedir o Brasil de se desenvolver, de crescer, de gerar emprego. Chega dessa política econômica! Essa política do Sr. Paulo Guedes (ex-ministro da Economia) foi derrotada nas urnas, essa política econômica foi enterrada no dia da eleição. E agora é hora de se estabelecer uma nova perspectiva para o povo brasileiro”, defendeu.

Zarattini conclui mandando um recado para aqueles que cobram do governo o que foi prometido nas eleições. “Eu quero dizer aqui que nós vamos entregar, sim, mas deixem o governo governar, deixem o governo cumprir as suas propostas e não o impeçam, como faz o Sr. presidente do Banco Central, ao querer impedir a economia brasileira de crescer e de se desenvolver. Nós vamos fazer o desenvolvimento brasileiro, e o Sr. Campos Neto vai ser uma página virada nessa história, tenho certeza. Nós, aqui no Congresso, não podemos nos calar. Todos que defendem o povo brasileiro, trabalhadores e empresários, é hora de protestar!”, conclamou.

Vânia Rodrigues