Lula: “Temos que discutir responsabilidade social, não só fiscal”

Lula defende que "nós temos que discutir responsabilidade social para pagar a dívida com o povo trabalhador”.

30 maio 2022, 18:39 Tempo de leitura: 4 minutos, 12 segundos
Lula: “Temos que discutir responsabilidade social, não só fiscal”

Lula recebe propostas elaboradas por movimentos populares e afirma: “É preciso parar de dizer não ao povo trabalhador”.

Foto: Ricardo Stuckert

Lula defendeu, nesta sexta-feira (27), durante encontro com movimentos populares em São Paulo, um governo que não se preocupe apenas com responsabilidade fiscal, mas que tenha compromisso principalmente com a responsabilidade social.

“É preciso parar de dizer não ao povo trabalhador, ao povo sofrido, aos que querem casa, educação, saúde, saneamento básico, água potável, respeito aos direitos humanos. Ao invés da gente ficar discutindo responsabilidade fiscal para garantir dinheiro a banqueiro, nós temos que discutir responsabilidade social para pagar a dívida com o povo trabalhador”, defendeu.

O ex-presidente acrescentou que, se voltar a governar o Brasil, quer mostrar que o Estado tem sim condições de atender aos direitos da população. “A única razão pela qual temos interesse de disputar a eleição é a gente poder provar que o Estado brasileiro pode atender e tratar vocês com a dignidade que o movimento social e o povo trabalhador precisa.”

A construção desse país mais justo, no entanto, exige muita luta, ressaltou. Por isso, Lula afirmou que os movimentos sociais jamais devem parar de reivindicar, esteja quem estiver no governo.

“O que eu quero com vocês é um compromisso: se a gente voltar a governar este país, nós vamos precisar do apoio de vocês para fazer o que precisa ser feito. Mas o compromisso de vocês não é só com o governo, é com o povo que vocês representam. Não é ceder ao governo e deixar de brigar pelas coisas que vocês acreditam”, defendeu.

Lula lembrou que, quando era presidente, nunca pediu ao movimento sindical para não fazer uma greve. “E quero dizer a vocês: sem vocês reivindicarem, sem vocês escreverem o que vocês desejam, sem vocês aporrinharem a nossa vida, cobrando todo dia, a gente não faz o que precisa ser feito. Então, não se incomodem de cobrar”, disse.

O ex-presidente também convidou a todos os presentes a manifestarem apoio e solidariedade ao candidato a presidente da Colômbia Gustavo Petro, fundador do Movimento Colômbia Humana, que às vésperas das eleições do próximo domingo vem sofrendo constantes ameaças de morte (veja no vídeo abaixo o discurso de Lula logo após todos os presentes gravarem uma mensagem ao povo colombiano).

Foto: Ricardo Stuckert

União de movimentos, partidos e centrais sindicais

No encontro, Lula recebeu um conjunto de propostas para a recuperação social e econômica do Brasil, elaborado por 87 entidades. Antes do evento, ele se reuniu com Geraldo Alckmin e Fernando Haddad, respectivamente pré-candidatos a vice-presidente e a governador de São Paulo.

Alckmin falou ao público antes de Lula e celebrou a iniciativa e afirmou que é com o diálogo com o povo que se constrói um programa de governo popular e democrático. “Já foi dito que nada segura a ideia a que chegou o seu tempo. Chegou o tempo do emprego, do salário mínimo valorizado, da saúde pública melhor, da esperança. Chegou o tempo de Lula”, disse.

Veja a íntegra do documento com as propostas dos movimentos populares

A presidenta nacional do Phttps://pt.org.br/wp-content/uploads/2022/05/superar-a-crise-e-reconstruir-o-brasil-3.pdfT, Gleisi Hoffmann, celebrou a união dos principais movimentos populares do país em torno da pré-candidatura de Lula e lembrou que unidades semelhantes foram construídas pelas centrais sindicais e pelos partidos de oposição que integram o movimento Vamos Juntos pelo Brasil – PT, PCdoB, PV, PSB, Psol, Rede e Solidariedade, dos quais diversas lideranças estavam presentes. 

“Não julgo que este será apenas um processo eleitoral, mas uma luta pela salvação do Brasil, contra a desgraça, contra a destruição que está acontecendo. Este é um grande e forte movimento em defesa do Brasil e do povo brasileiro”, definiu Gleisi.

“Nossa grande tarefa é retomar um projeto nacional de desenvolvimento, de direitos e de soberania”, disse Raimundo Bonfim, coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP), que, junto a Nalu Faria, da Marcha Mundial de Mulheres, entregou o documento com as propostas das entidades a Lula.

No evento, estavam presentes entidades, como a União Nacional por Moradia Popular (UNMP), União Nacional dos Estudantes (UNE), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Associação Nacional das Travestis e Transexuais (Antra), Movimento Negro Unificado (MNU), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e muitas outras, representando trabalhadores, estudantes, negros, mulheres, população LGBTQIA+, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência, pessoas em situação de rua, povos da floresta e diversos outros segmentos sociais.

Assista à íntegra do evento:

Da Redação

Matéria publicada originalmente no site do PT e replicada neste canal