Entreguismo: leilão de 11 blocos do pré-sal acelera destruição da Petrobras

O povo engole o sabor amargo dos preços dos combustíveis, cujos valores abusivos são resultado da dolarização implementada pelo desgoverno Bolsonaro.

26 fev 2022, 11:27 Tempo de leitura: 4 minutos, 45 segundos
Entreguismo: leilão de 11 blocos do pré-sal acelera destruição da Petrobras

Pré-edital da ANP reafirma golpe de Bolsonaro contra o país. Resultado será a redução dos “volumes de petróleo que venham a beneficiar o povo brasileiro”, denuncia a Associação dos Engenheiros da Petrobras.

Imagem: site do PT

povo engole o sabor amargo dos preços dos combustíveis, cujos valores abusivos são resultado da dolarização implementada pelo desgoverno Bolsonaro. O que já era uma catástrofe irá piorar, diante da crise internacional deflagrada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. O preço do barril do petróleo ultrapassou o valor de U$ 100, reflexo da instabilidade e desconfiança com os rumos do conflito. Enquanto isso, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) apresentou em pré-edital minutas de contrato para leilão de 11 blocos do pré-sal.  A operação será feita no âmbito da Oferta Permanente de Partilha de Produção (OPP).

De acordo denúncia da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), o processo irá resultar na redução dos “volumes de petróleo que venham a beneficiar o povo brasileiro”. Para isso, explica a entidade, a OPP objetiva colocar para produção “áreas terrestres e marítimas contínuas, inclusive com acumulações marginais”, como descreve a própria ANP.

“O mais incrível é que todo este entreguismo dos responsáveis pela energia no Brasil esteja sendo amparado por dispositivos legais”, reagiu a associação, em texto publicado no portal da AEPET. “Ou seja, têm a conivência dos poderes judiciário e legislativo. E o brasileiro, sem informações ou tendo-as incompletas e até para induzir a erro, se deixa roubar o futuro do povo, do País”. Tudo isso em meio à farra dos acionistas, que ficarão mais ricos com os lucros recordes da empresa em 2021.

Ainda segundo a associação, ao mesmo tempo em que o preço do barril rompe a barreira dos U$ 100 no mercado internacional, aqui, a direção da Petrobras, para não evidenciar o caráter entreguista de sua atuação, esconde o preço do custo de produção de um barril do pré-sal. “Podemos estimar, no máximo, com os custos financeiros incluídos, [que é] inferior a US$ 20”, observa a AEPET.

“É desta ordem de valor o que está sendo proposto pela ANP e a direção da Petrobrás retirar do futuro do Brasil: 80 dólares vezes a reserva de cerca de 50 bilhões de barris”, denuncia a associação. “Precisamos reagir. Colocar esta discussão na pauta dos candidatos a presidente do Brasil, a senadores e a deputados federais”, conclui.

Desmonte inclui privatização da BR Distribuidora e refinarias

ataque do governo Bolsonaro ao patrimônio do povo brasileiro, uma estratégia entreguista iniciada no governo Temer, a partir do golpe de 2016, prevê a privatização da BR Distribuidora e de refinarias. De acordo com dados do Observatório Social da Petrobras, desde 2015, a empresa se livrou de R$ 243,7 bilhões em bens, entre eles, a rede de gasodutos do Norte e Nordeste TAG (Transportadora Associada de Gás), a controladora de gasodutos NTS (Nova Transportadora do Sudeste) e a BR Distribuidora.

O plano é manter cinco de 13 refinarias listadas no rol da empresa no ano passado. O plano de negócios dos entreguistas e traidores da pátria estima, para o período 2022/2026, a venda de US$ 15 bilhões a US$ 25 bilhões em bens.

Lula alerta sobre consequências do entreguismo

Diante da cobiça de atores alheios aos interesses da soberania nacional, o ex-presidente Lula vem alertando para as consequências nefastas ao país, uma vez consumadas as entregas de empresas como a Petrobras e a Eletrobras. “Hoje, nós temos no Brasil mais de 400 empresas privadas importando gasolina dos Estados Unidos”, lembrou Lula, em entrevista no início do mês.

“A responsabilidade de quem está dirigindo este país é entregar para a iniciativa privada, que vai comprar gasolina dos Estados Unidos e vender para a gente a preço de dólar. Os coitados dos motoristas de caminhão, por essas estradas, não conseguem ganhar dinheiro porque gastam tudo com óleo diesel”, lamentou.

“Essa é uma das razões por que deram o golpe na Dilma”, insiste Lula.”Como nós fizemos uma nova lei do petróleo, que garantia que o petróleo fosse do povo brasileiro, que garantia a criação de um fundo de desenvolvimento com o dinheiro do petróleo para a educação, a saúde e a ciência e tecnologia, e tinha uma empresa criada para administrar as riquezas do pré-sal, como é feito na Noruega, então eles não se aquietaram até mudar”.

Dolarização corrói poder de compra do trabalhador

Nesta semana, o ex-presidente também advertiu para os efeitos da dolarização da gasolina no dia-a-dia do trabalhador, cuja poder de compra foi dizimado pela política insana de Bolsonaro e Paulo Guedes. “O preço do combustível é caro no tanque, mas também no mercado, porque impacta no preço dos alimentos”, argumentou o petista.

“Esse preço dolarizado dos combustíveis concentra riqueza nas mãos dos mais ricos e tira recurso dos mais pobres”, afirmou. “Não existe nenhuma razão técnica ou político-econômica para a Petrobrás tomar a decisão de internacionalizar o preço dos combustíveis, a não ser para atender os interesses dos acionistas, principalmente aqueles que ficam lá em Nova York”.

Da Redação, com Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET)

Matéria originalmente publicada no site do PT e replicada neste canal.