Para esconder rachadinha, Flávio usou governo e perseguiu servidores

Para escapar do escândalo da rachadinha, Flávio Bolsonaro aproveitou o fato de seu pai ser presidente da República para perseguir servidores públicos da Receita Federal, órgão onde foram identificadas as transações realizadas por Fabrício Queiroz, assessor do filho mais velho de Jair Bolsonaro.

23 fev 2022, 16:47 Tempo de leitura: 3 minutos, 2 segundos
Para esconder rachadinha, Flávio usou governo e perseguiu servidores

Jornal mostra como auditores da Receita Federal foram investigados após pedido feito por advogados de Flávio Bolsonaro.

Imagem: site do PT

Para escapar do escândalo da rachadinha, Flávio Bolsonaro aproveitou o fato de seu pai ser presidente da República para perseguir servidores públicos da Receita Federal, órgão onde foram identificadas as transações realizadas por Fabrício Queiroz, assessor do filho mais velho de Jair Bolsonaro. As informações são de matéria publicada pela Folha de S. Paulo nesta terça-feira (22).

O jornal revela que, em 20 de agosto de 2020, os advogados de Flávio encaminharam ao então secretário especial da Receita, José Barroso Tostes Neto, um pedido para ser atendido “com máxima urgência”. Eles queriam acesso a nome, CPF, qualificação e unidade de lotação de auditores que pudessem ter ajudado a revelar o esquema da rachadinha. 

Para justificar o pedido, os advogados diziam haver indícios de que os servidores tinham agido de maneira ilegal, talvez usando senhas secretas, que não deixariam rastros, para acessar os dados de Flávio e sua esposa, Fernanda. 

Cinco dias depois, em 25 de agosto de 2020, os advogados de Flávio ainda se reuniriam no Palácio do Planalto para discutir o caso com ninguém menos que o diretor-Geral da Abin, Alexandre Ramagem; o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno; e o próprio presidente Jair Bolsonaro. 

Essa reunião acabou sendo descoberta e revelada pela revista Época dois meses mais tarde, em 23 de outubro,  mesmo dia em que Tostes Neto cedia à pressão e abria o tal inquérito pedido pelos advogados de Flávio. Para satisfazer o filho do ex-presidente, foram destacados cinco servidores que deveriam se dedicar à investigação. 

Em 25 de fevereiro de 2021, os cinco servidores concluíram a investigação, sem encontrar nada de errado. “Não foram verificados indícios mínimos de materialidade de possíveis infrações disciplinares que ensejariam a continuidade ou o aprofundamento do feito”, escreveram em um relatório, segundo a Folha.

O caso, no entanto, teria ainda outros três desdobramentos, mostra o jornal. As duas primeiras foram as exonerações do chefe do setor investigado a pedido de Flávio, Christiano Paes Leme Botelho, e também do secretário especial Tostes Neto, a quem foi pedida a investigação. A terceira foi a nomeação para o cargo de corregedor da Receita Federal o auditor-fiscal João José Tafner, simpatizante da família do presidente Jair Bolsonaro (PL).   

Rachadinha e mansão

Sobram evidências de que a família Bolsonaro ganha dinheiro com rachadinha há décadas. Como já comprovou o site UOL, Jair Bolsonaro, na época em que era deputado federal, e seus filhos realizavam um verdadeiro intercâmbio de assessores, todos dispostos a devolver parte dos salários para os “patrões”.

Uma das reportagens revelou, inclusive, áudios em que Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada de Jair Bolsonaro, narra como o atual presidente mandou demitir um desses assessores “porque ele nunca me devolve o dinheiro certo” (veja vídeo abaixo). 

Fica fácil entender como Flávio Bolsonaro conseguiu fazer seu patrimônio saltar de um carro Gol, em 2002, para R$ 4,1 milhões em imóveis, em 2019. E como juntou dinheiro suficiente para, no ano passado, comprar uma mansão de R$ 6 milhões em um bairro nobre de Brasília.

Da Redação 

Matéria publicada originalmente no site do PT e replicada neste canal.