“Antes de recomendar a vacinação para crianças, os cientistas realizaram testes clínicos com milhares de crianças e nenhuma preocupação séria de segurança foi identificada”, diz nota de Rosana Melo ao STF.
Foi mais uma reação ao atropelo à ciência promovido por Jair Bolsonaro e seu ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. E, novamente, veio de dentro do governo: a secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19 da pasta, Rosana Leite de Melo, garantiu, em nota técnica enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que a vacina contra a Covid-19 é segura para crianças maiores de 5 anos. Melo ainda saiu em defesa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que vem sofrendo sucessivos ataques e ameaças de Bolsonaro por recomendar a imunização das crianças.
“Antes de recomendar a vacinação [contra a] Covid-19 para crianças, os cientistas realizaram testes clínicos com milhares de crianças e nenhuma preocupação séria de segurança foi identificada”, diz o texto da nota técnica escrita no último dia 19. Ainda de acordo com a secretária, “as vacinas [contra a] Covid-19 estão sendo monitoradas quanto à segurança com o programa de monitoramento de segurança mais abrangente e intenso da história do Brasil”.
“A elevada cobertura vacinal contribuirá para redução da transmissão neste grupo [crianças de 5 a 11 anos] e, por conseguinte, reduzirá a transmissão de crianças e adolescentes para adultos, idosos e imunocomprometidos. Além disso, atenuar as interrupções na educação das crianças mantendo a segurança e bem-estar são benefícios indiscutíveis a serem considerados”, argumentou Melo.
A nota foi redigida por causa de uma ação movida pelo PT no STF para cobrar do governo a apresentação de um cronograma de vacinação para essa faixa etária. O ministro Ricardo Lewandowski acatou pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) para que o prazo de apresentação do cronograma fosse estendido para o dia 5 de janeiro.
Na véspera do Natal, na semana passada, Queiroga defendeu que crianças entre 5 e 11 anos sejam vacinadas mediante a apresentação de prescrição médica e um termo de consentimento assinado pelos pais. Lewandowski quer saber os motivos por trás da necessidade de apresentação da prescrição. No final de semana, 13 estados anunciaaram que não seguirão a recomendação de Queiroga.
“Eu não posso impor nada para o seu filho menor de idade. Você é o responsável por aquele garoto. Se vai fazer bem ou não, os pais decidem”, declarou Bolsonaro, mesmo diante de um quadro de 301 mortes de crianças por Covid.
Queiroga também minimizou o número. “Os óbitos de crianças estão absolutamente dentro de um patamar que não implica em decisões emergenciais. Ou seja, isso favorece que o ministério possa tomar uma decisão baseada na evidência científica de qualidade, na questão da segurança, na questão da eficácia e da efetividade”, disse o ministro.
Da Redação, com informações de Folha de S. Paulo.
Matéria publicado originalmente no site do PT e replicada neste canal.