Lula, em seminário na Espanha: “A fome tem cura”

“A verdade é que muito antes do primeiro caso de Covid-19, o mundo já estava doente, vítima de um vírus igualmente mortal chamado desigualdade”, refletiu o ex-presidente. “A desigualdade está na raiz de incontáveis mortes que acontecem ao redor do mundo. Inclusive quando o atestado de óbito informa como causa da morte a Covid-19”, apontou. “Este não pode ser o normal a que a humanidade deseja voltar”.

19 nov 2021, 14:59 Tempo de leitura: 2 minutos, 2 segundos
Lula, em seminário na Espanha: “A fome tem cura”
Foto: Ricardo Stuckert.

Para qual tipo de normalidade as sociedades modernas pretendem voltar em um eventual cenário pós-pandemia? O questionamento foi levantado pelo ex-presidente Lula, na abertura do seminário Cooperação multilateral e recuperação regional pós-Covid-19, nesta quinta-feira (18), em Madrid, na Espanha. Não poderá ser para um mundo onde impera a miséria, defendeu o petista. No evento, que contou com o ex-presidente espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, Lula condenou o que considera uma inaceitável concentração de renda no planeta, enquanto milhões de famílias convivem a mais cruel das chagas mundiais, a fome.

“É urgente uma reconstrução profunda do mundo, sobre os alicerces da igualdade, da fraternidade, do humanismo, dos valores democráticos e da justiça social”, argumentou Lula. “Porque mesmo que sobrevivam à Covid, 800 milhões de pessoas hoje não conseguem escapar de outro terrível flagelo: a fome”, afirmou o ex-presidente, reiterando que ele mesmo já sofreu os efeitos do temor dos que não sabem se poderão comer amanhã.

“Sei a dor que a fome provoca no ser humano, porque vivi na pele”, disse. “Nasci numa das regiões mais pobres do Brasil, filho de uma mãe pobre, analfabeta e lutadora, que criou seus oito filhos sozinha. Enfrentei a fome, o trabalho infantil, o desemprego, as injustiças”, relatou.

Covid-19 aprofundou a desigualdade

“A verdade é que muito antes do primeiro caso de Covid-19, o mundo já estava doente, vítima de um vírus igualmente mortal chamado desigualdade”, refletiu o ex-presidente. “A desigualdade está na raiz de incontáveis mortes que acontecem ao redor do mundo. Inclusive quando o atestado de óbito informa como causa da morte a Covid-19”, apontou. “Este não pode ser o normal a que a humanidade deseja voltar”.

Para Lula, “não podemos aceitar como normal que um seleto grupo de homens brancos e ricos façam turismo no espaço, enquanto aqui na Terra milhões de pessoas pobres, principalmente mulheres e negros, continuam a morrer de fome. Que centenas de milhões de pessoas não tenham acesso a água potável, luz elétrica, moradia digna, saúde e educação”.

Publicado no site carloszarattini.com.br