G20 ignora Bolsonaro e espera por Lula, que viaja à Europa no dia 11

Participação de Bolsonaro no G20 foi marcada por violência, mentira e isolamento. Lula e Dilma eram tratados como iguais e orgulhavam o país A participação de Jair Bolsonaro na cúpula do G20, realizada no último fim de semana na Itália, foi uma síntese perfeita de seu governo e acabou marcada por violência, mentira, entreguismo e […]

3 nov 2021, 14:38 Tempo de leitura: 4 minutos, 13 segundos
G20 ignora Bolsonaro e espera por Lula, que viaja à Europa no dia 11

Participação de Bolsonaro no G20 foi marcada por violência, mentira e isolamento. Lula e Dilma eram tratados como iguais e orgulhavam o país

Foto: Andrew Parson/Site do PT

A participação de Jair Bolsonaro na cúpula do G20, realizada no último fim de semana na Itália, foi uma síntese perfeita de seu governo e acabou marcada por violência, mentira, entreguismo e completo isolamento. O atual presidente protagonizou cenas que, infelizmente, não o envergonham somente, mas mancham a imagem de todo o Brasil. Um contraste gritante com o prestígio que o país tinha quando Lula e Dilma Rousseff eram presidentes e se relacionavam como iguais com os demais líderes do mundo.

Após chegar à Itália desmoralizado, por fazer com que a economia brasileira tenha a pior previsão de crescimento em 2022 entre todos os países do G20, Bolsonaro foi sistematicamente ignorado pelos demais chefes de Estado. Ainda na antessala do evento, o ex-capitão foi tratado como um penetra de uma festa. Enquanto todos conversavam em rodas, Bolsonaro agia como um peixe fora d’água e, na grande parte do tempo, só foi capaz de falar com os próprios assessores ou garços do evento. Acabou sentado num banco no fundo do salão, sem ter com quem interagir, conforme mostrou o site UOL.

Os assessores conseguiram fazer com que Bolsonaro entrasse na rodinha onde estava o presidente turco, Tayyip Erdogan, que, por educação, perguntou como estavam as coisas no Brasil. Ao isolamento, Bolsonaro acrescentou, então, outras duas marcas de seu governo: a mentira e o entreguismo. Cara de pau, disse que a economia se recupera bem e depois definiu a Petrobras, que ele e seu ministro da Economia tentam vender de qualquer jeito, de “um problema”. Enquanto falava, Olaf Scholz, provável futuro primeiro-ministro da Alemanha, que antes conversava com Erdongan, lhe deu as costas e foi falar com o líder inglês, Boris Johnson. Em outra rara interação com os demais líderes, Bolsonaro pisou no pé da primeira-ministra alemã, Angela Merkel, que rebateu com um “só podia ser você”.

A viagem de Bolsonaro ainda seria marcada pela violência, com ataques de seus seguranças contra jornalistas. O episódio lamentável aconteceu no começo da noite de domingo, quando o atual presidente decidiu caminhar pelas ruas de Roma. Dos sete jornalistas que tentaram acompanhar o passeio, três relataram ser vítimas de agressão física, informou a CNN Brasil. Um dos profissionais da imprensa chegou a levar um soco na barriga. As agressões levaram a Associação Brasileira de Imprensa emitir uma nota, na qual se dirige a Bolsonaro: “Na reunião do G20 neste fim de semana, mais uma vez, o senhor foi obrigado a ficar pelos cantos, como aqueles convidados indesejados a quem ninguém dá atenção. Como reação, age como um troglodita, hostilizando e estimulando agressões a jornalistas que lhe fazem perguntas corriqueiras. É de dar vergonha”.

Mentiras contra Lula

Bolsonaro é um pária internacional, com quem nenhum governante quer ser visto. Prova maior é que o brasileiro ficou de fora da foto que os líderes do encontro tiraram em frente à Fontana di Trevi (foto acima), um dos maiores cartões postais de Roma. Quanta diferença do tratamento que Lula e Dilma recebiam nas reuniões do G20 (veja galeria abaixo).

Na Cúpula de 2015, na hora da foto oficial, por exemplo, Dilma foi posicionada no centro da primeira fila, ao lado dos então presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rússia, Vladimir Putin. Lula também sempre foi recebido com entusiasmo pelos demais líderes, que queriam saber como ele estava transformando a realidade brasileira, acabando com a fome e reduzindo drasticamente o desmatamento na Amazônia. Foi em um desses encontros que Obama chamou Lula de “o cara” e disse que o ex-metalúrgico era o líder mais popular do planeta.

Sem ter como competir com Lula, só restou a Bolsonaro apelar para suas velhas amigas fake news. Em entrevista à tevê italiana, o atual presidente disse que o petista teria relações com o narcotráfico. Lula nem se preocupou muito em responder tamanha insanidade, limitando-se a lembrar, por meio de sua assessoria, que “todo mundo sabe, no Brasil e no mundo, que Bolsonaro é um mentiroso”.

A principal resposta de Lula virá daqui a alguns dias, por meio de ações concretas. O ex-presidente embarca dia 11 para Europa, onde se encontrará com lideranças dos países que se recusaram a conversar com Bolsonaro. Na viagem, Lula tem encontros marcados com autoridades de Espanha, França, Alemanha e União Europeia. 

Foto: Ricardo Stuckert

Matéria publicada originalmente em https://pt.org.br/