Essa mentira mata: Governo Bolsonaro admite que desperdiçou R$ 184 milhões em cloroquina

O Ministério da Saúde de Bolsonaro finalmente admitiu a ineficácia da cloroquina e de outros remédios do chamado “kit covid” no tratamento da doença. A afirmação chega depois de Bolsonaro desperdiçar ao menos R$ 184 milhões com os medicamento do kit, entre gastos com a fabricação (com insumos superfaturados), compra de medicamento, publicidade e divulgação. O recurso seria suficiente para comprar mais de 12,2 milhões doses de vacinas (não superfaturadas).

15 jul 2021, 14:21 Tempo de leitura: 3 minutos, 39 segundos
Essa mentira mata: Governo Bolsonaro admite que desperdiçou R$ 184 milhões em cloroquina

O Ministério da Saúde de Bolsonaro finalmente admitiu a ineficácia da cloroquina e de outros remédios do chamado “kit covid” no tratamento da doença. A afirmação chega depois de Bolsonaro desperdiçar ao menos R$ 184 milhões com os medicamento do kit, entre gastos com a fabricação (com insumos superfaturados)compra de medicamentopublicidade e divulgação. O recurso seria suficiente para comprar mais de 12,2 milhões doses de vacinas (não superfaturadas).

O prejuízo maior não é o financeiro: a morte de mais de 530 mil pessoas é resultado direto da postura ativa e recorrente de Bolsonaro de se fazer garoto propaganda de remédios como cloroquina e ivermectina ao mesmo tempo em que nega a eficácia das vacinas e posterga a sua compra. Bolsonaro não está preocupado com a saúde do povo. Desde o início da pandemia, Bolsonaro receitou pessoalmente a cloroquina para o tratamento da Covid-19. O plano do governo era deixar o Brasil “forrado de cloroquina”, conforme declaração de Carlos Wizard, aliado do governo e integrante do gabinete paralelo da Covid. As consequências negativas foram imensas. Nas palavras da infectologista Natalia Pasternak: “no caso triste do Brasil, é uma mentira orquestrada pelo governo federal e pelo Ministério da Saúde. E essa mentira mata, porque ela leva pessoas a comportamentos irracionais que não baseados em ciência”.

Em notas técnicas enviadas à CPI da Covi na semana de 12 de julho, o governo Bolsonaro afirma que “Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimabe não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população”.

Bolsonaro defendeu o uso de cloroquina em pelo menos 23 discursos oficiais, se colocando inclusive como “a prova viva de que a cloroquina dá certo”. Em dezembro de 2020, Bolsonaro afirmou: “será que é preciso ter muita inteligência pra entender que a hidroxicloroquina serve para as duas coisas (coronavírus e malária)? É coisa simples, por que politizaram? Por que, em alguns estados, se perseguiu, se proibiu a hidroxicloroquina, ivermectina, a troco de quê?” . Vale lembrar que o governo lançou o aplicativo TrateCov, em pleno auge da segunda onda no Amazonas, que sugeria a profissionais de saúde indicarem cloroquina, ivermectina, azitromicina e doxiciclina para tratamento da Covid-19 para pessoas de todas as idades. Em 4 dias, o aplicativo foi retirado do ar.

O Exército Brasileiro desperdiçou R$ 1,16 milhão na fabricação de 3,2 milhões de comprimidos de cloroquina. Os insumos utilizados na fabricação apresentaram um aumento de 167% em seu preço em dois meses. Mesmo assim, o Exército solicitou orçamento a apenas dois fabricantes (mesmo existindo centenas deles no mercado). A operação está sob investigação do TCU. Em apenas três meses, o Exército produziu 25 vezes a quantidade de cloroquina que era produzida para combater malária. Mais de 400 mil comprimidos ficaram encalhados. Mesmo assim, o governo também encomendou a fabricação de 4 milhões de pílulas de cloroquina pela Fiocruz, com recursos emergenciais, ao custo de R$ 70,4 milhões de reais.

Até janeiro de 2021, o governo tinha gasto R$89.597.985,50 na compra de ivermectina, azitromicina, Tamiflu, cloroquina, hidroxicloroquina e nitazoxanida. Parte das compras foram realizadas com dispensa de licitação – como por exemplo, a compra do medicamento Tamiflu do laboratório Roche, no valor de R$ 26,6 milhões.
Uma vez montado o circo das fake News do tratamento precoce, era preciso divulgá-lo. A Secretaria de Comunicação de Bolsonaro gastou R$ 23,4 milhões em campanhas em rádio, TV e mídia externa. O maior contrato foi celebrado com a TV Record, no valor de R$ 1,31 milhão.

Agora, finalmente, o governo Bolsonaro é obrigado a admitir que esses remédios não servem para o tratamento da Covid-19. Pra mais de meio milhão de brasileiros, é tarde demais. A eficácia do kit covid é uma fake News que matou e ainda mata brasileiros em todo o país.

Matéria publicada originalmente no site Lula e replicada neste canal.
Foto: Reprodução