“O Brasil perdeu mais de cem bilhões de reais em investimentos, uma coisa equivalente a 3% do PIB e perdeu mais de três milhões de vagas de empregos que poderiam ter sido criadas”, denunciou. Em entrevista a rádio do Paraná, Lula também defendeu a harmonia contra o ódio, reafirmou sua inocência e criticou as atitudes de Bolsonaro no enfrentamento da pandemia
“Eu tinha a necessidade humana de provar que esses cidadãos – Moro e Dallagnol – provocaram um prejuízo ao nosso país”, afirmou Lula em entrevista à Rádio T FM de Ponta Grossa, no Paraná, nesta quinta-feira, 6. “O Brasil perdeu mais de cem bilhões de reais em investimentos, uma coisa equivalente a 3% do PIB e perdeu mais de três milhões de vagas de empregos que poderiam ter sido criadas”, denunciou. Durante a entrevista, Lula também reafirmou que a perseguição da Lava Jato contra ele teve o claro objetivo de retirá-lo da disputa eleitoral de 2018.
Na entrevista, Lula lembrou a sua decisão de ir para Curitiba cumprir o mandado de prisão com o objetivo de provar que Moro e Dallagnol eram mentirosos. “Quando eu prestei o meu primeiro depoimento ao Moro eu disse que ele estava predestinado a me condenar”, disse Lula na entrevista. “O Moro não conseguiu explicar nem para a mãe dele que crime eu cometi. Invadiram a minha casa, quebraram portas na casa dos meus filhos, reviraram tudo, mas não encontraram nada”, lembrou.” Mas isso não aparece no Jornal Nacional”, enfatizou.
“Eu vivi em um mundo em que as pessoas torciam para times diferentes, cada um ia na sua igreja, e no final do dia conseguiam se sentar na mesma mesa e se respeitar”, afirmou ele. Mas, “daí o mundo pariu o Bolsonaro, como pariu o Trump nos Estados Unidos”, disse apostando que o Brasil voltará a ser o país da harmonia. “E eu acredito que esse mundo vivendo em harmonia é possível porque eu já vivi isso. Eu respeito tanto a pessoa que gosta e também aquela que não gosta de mim”, afirmou.
Bolsonaro desrespeita o povo
Lamentando a tragédia de mais de 100 mil mortos no país, Lula prestou solidariedade às cerca de 85 mil pessoas infectadas pelo coronavírus no Paraná e aos familiares das quase duas mil e duzentas pessoas que já morreram no estado. Acusando o atual governo, criticou duramente o comportamento do presidente Jair Bolsonaro com relação à prevenção da doença no país, quando desdenhou da pandemia e menosprezou a ciência e a medicina.
Para Lula e inexplicável a falta de sensibilidade de Bolsonaro no tratamento de questões referentes às vítimas da Covid-19. “Cada pessoa que morreu tem um pai, uma mãe, um avô, um neto, e essas pessoas não estão sendo tratadas com o respeito que merecem”, disse. “Por exemplo, essa semana o Bolsonaro vetou a indenização às famílias de mais de 600 profissionais de saúde vítimas do coronavírus”, citou. “Foram médicos, técnicos, enfermeiros e técnicos que morreram na linha de frente sem nenhum tipo de solidariedade”, criticou.
País era respeitado
Na entrevista, Lula falou da sua experiência como presidente da República durante oito anos, de 2003 a 2010, quando foi considerado o melhor presidente do Brasil e deixou o governo com uma aprovação de mais de 80%. “Eu tinha a noção de que eu fui eleito para melhorar a vida do povo, principalmente do povo mais pobre. E eu não conheço nenhum momento em que o brasileiro teve tanto orgulho de mostrar o seu passaporte”, enfatizou ele.
O ex-presidente falou sobre o seu sonho na época em relação ao papel do Brasil no mundo. “Em certo momento eu sonhei que a gente poderia ser a quinta economia do mundo, sonhei porque o respeito que a gente tinha adquirido era muito grande”, afirmou. Para Lula “o Brasil virou protagonista internacional e era consultado para tudo. Foi por isso que nós ganhamos a direção da OMC, a diretória da FAO, tivemos as Olimpíadas e a Copa do Mundo ”, relembrou.
Arapuca contra Dilma
Sobre a crise econômica que se abateu sobre o país em pleno governo Dilma, Lula lembrou que Dilma fez uma desoneração de 540 bilhões de reais para manter a economia funcionando. “Acho que deveriam ter sido feitos ajustes na economia durante a crise, mas a Dilma cuidou da questão econômica com muita competência até vir as eleições de 2014, quando foi montada uma arapuca para derrubá-la do poder.
“Ela ganhou as eleições, mas já estava decidido que era preciso acabar com o PT e aí inventaram a pedalada, que quase todos os governos do mundo fazem”, disse. “Aí cassaram a Dilma e depois disto todo mundo sabe o que aconteceu no Brasil. E aí eu tinha na cabeça que o objetivo não era só derrubar a Dilma, mas também evitar que o Lula voltasse à Presidência da República”, afirmou.
A respeito do movimento pelo impeachment de Jair Bolsonaro, que tem a participação do PT, o ex-presidente relembrou os vários crimes de responsabilidade que vem sendo cometidos pelo presidente. “Quem leu a revista Piauí sabe que o Bolsonaro considerou dar um golpe no Supremo Tribunal Federal. Ele acha que o Brasil é dele. Já passou do tempo de se votar o impeachment. São mais de 46 pedidos e o Rodrigo Maia não coloca nenhum em votação”, afirmou ele.
Da Redação
Matéria publicada originalmente no site Partido dos Trabalhadores e replicada neste canal.