Bolsonaro está desmontando a Petrobras

Seguindo a linha da privatização silenciosa e aos pedaços, a Petrobras já vendeu a Liquigás, que distribui gás de cozinha, e a BR Distribuidora, que todo mundo conhece. Ela é a maior rede com oito mil postos de gasolina, o que equivale a 30% do mercado de distribuição de combustíveis e lubrificantes no Brasil. Duas vendas criminosas e a preços irrisórios. Agora, a empresa está negociando oito refinarias de petróleo que juntas representam produção de 1,1 milhão de barris/dia de petróleo.

25 jul 2020, 14:28 Tempo de leitura: 2 minutos, 40 segundos
Bolsonaro está desmontando a Petrobras
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A Petrobras está sendo desmontada e vendida aos pedaços pelo desgoverno Bolsonaro. Isso tudo seguindo a mesma estratégia criminosa adotada pelo seu antecessor, o entreguista Michel Temer. Com esse formato, o desmonte da empresa está passando despercebido pelo povo brasileiro. Em Santos, por exemplo, um dos símbolos da exploração do pré-sal, o prédio do Valongo está em fase de desativação com a transferência de 937 funcionários de sete plataformas de produção de petróleo e gás natural para o Rio de Janeiro. A mudança no local de trabalho dos empregados revela a intenção de desmontar o suporte administrativo da empresa na região.

Com a decisão, as atividades na cidade que hoje fornecem suporte a exploração petrolífera na Bacia de Santos, no litoral de São Paulo, poderão ser encerradas. Além do fechamento de milhares de vagas de emprego diretas e indiretas, o município poderá sofrer impactos financeiros como queda de arrecadação e deterioração da economia local que gira em torno da Petrobras. O fato é que pouco a pouco a Baixada Santista deixa de ser símbolo da exploração do pré-sal e vai perdendo a capacidade de aquecer sua economia por meio das atividades da Petrobras.

Seguindo a linha da privatização silenciosa e aos pedaços, a Petrobras já vendeu a Liquigás, que distribui gás de cozinha, e a BR Distribuidora, que todo mundo conhece. Ela é a maior rede com oito mil postos de gasolina, o que equivale a 30% do mercado de distribuição de combustíveis e lubrificantes no Brasil. Duas vendas criminosas e a preços irrisórios. Agora, a empresa está negociando oito refinarias de petróleo que juntas representam produção de 1,1 milhão de barris/dia de petróleo.

Até mesmo os campos de petróleo com produção iniciada estão à venda. Ou seja, nada escapa à sanha dos entreguistas. Todo esse patrimônio nacional está sendo vendido a preço de banana considerando o valor dessas reservas e das empresas. E toda essa política de desmonte impacta diretamente o bolso do consumidor porque o preço da gasolina seguirá variando de acordo com o mercado internacional e não com o custo de produção no Brasil. Ao desmontar a empresa, Bolsonaro vai colocar Brasil refém de empresas multinacionais do setor.

No Congresso, os partidos de oposição vêm lutando contra a entrega do patrimônio nacional tanto no âmbito parlamentar como na Justiça. Recentemente, os presidentes da Câmara e do Senado entraram no STF com medida cautelar para barrar uma manobra da Petrobras para vender refinarias a iniciativa privada sem aval e fiscalização do Legislativo. Impedir que o governo Bolsonaro venda a Petrobras é um luta dura e que só poderá ser vencida com a mobilização e luta popular. Só a pressão do povo nas ruas e nas redes sociais poderá impedir a entrega do patrimônio nacional.

*Economista, deputado federal pelo PT de São Paulo e líder da Minoria no Congresso Nacional

Artigo público no jornal A Tribuna de Santos