Em podcast, Zarattini denuncia irregularidades da operação Lava Jato

Zarattini criticou o uso da operação para autopromoção política de Sergio Moro

21 jun 2024, 11:36 Tempo de leitura: 2 minutos, 55 segundos
Em podcast, Zarattini denuncia irregularidades da operação Lava Jato

No 18º episódio do podcast Papo Reto, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) conversou com o advogado Roberto Bertholdo sobre os abusos e as controvérsias em torno da operação Lava Jato questionando não apenas as motivações e métodos de seus principais operadores, mas também o impacto político e econômico da operação no Brasil.

Após 10 anos, a operação, conduzida pela 13ª Vara Federal de Curitiba, permanece no centro dos debates sobre a atuação do então juiz Sergio Moro e dos procuradores do Ministério Público Federal do Paraná, em relação às acusações de abusos e irregularidades nos acordos de delação premiada e nos métodos de investigação.

Bertholdo foi condenado e preso em 2005 sob a acusação de grampear telefonemas de Sergio Moro. O processo, que correu na 2ª Vara Federal Criminal de Curitiba em apenas 60 dias, foi marcado por controvérsias. Bertholdo foi mencionado em uma delação premiada como responsável pela interceptação de ligações do ex-juiz, denúncia feita pelo então deputado federal Tony Garcia. Mais tarde, Garcia também acusou Moro de usar os acordos de delação como “instrumento de chantagem” para investigar políticos e empresários influentes.

Bertholdo compartilhou sua perspectiva sobre a coerção nas delações destacando a importância da voluntariedade: “Eu respondi 95 processos foi um lawfare interminável, eu não tinha patrimônio, eu não tinha dinheiro, eu não tinha saída, a única opção era a delação”, disse.

Zarattini e Bertholdo também criticaram o uso da operação para autopromoção política de Sergio Moro, evidenciado pela nomeação ao cargo de ministro da Justiça no governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro.  “Além dos interesses internacionais de acabar com a indústria brasileira de construção e com a Petrobrás, também estava por trás da operação um desejo particular, pessoal, de autopromoção, com fins políticos”, declarou Bertholdo.

Zarattini também mencionou a manipulação midiática durante a Lava Jato, apontando que as operações frequentemente dominavam as manchetes e os telejornais, moldando a opinião pública contra o PT.  “O Moro tinha aquela história de jogar com a imprensa. Ele tinha os repórteres preferidos, aqueles caras que ele fornecia informação e que faziam com que aquilo se multiplicasse e ganhasse grande proporção na mídia e impactando a opinião publica”, disse o deputado.

Inquérito contra Sergio Moro : Em janeiro de 2024, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, determinou a abertura de um inquérito para apurar se Sergio Moro cometeu abusos no acordo de colaboração premiada de Tony Garcia. 

Delações: Recentemente, a  Câmara dos Deputados aprovou o regime de urgência para o projeto de lei do ex-deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) que proíbe a delação premiada de preso, apresentado em 2016 no auge da Operação Lava Jato. 

Segundo Zarattini, a decisão de analisar a matéria agora é puro oportunismo da extrema direita para proteger bolsonaristas que estão sob investigação. “Na Lava Jato, deixavam a pessoa presa preventivamente, ameaçavam com uma pena dura para que eles fossem coagidos a delatar. Qual o objetivo de trazer esse projeto à tona agora? Somente beneficiar os bolsonaristas que estão sendo delatados”, afirmou o deputado.

Assista o episódio completo: