No 17º episódio do podcast Papo Reto, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) recebeu o ex-ministro de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, para tratar sobre políticas de segurança pública e violações de direitos humanos. Vannuchi foi preso político, ministro no primeiro mandato do presidente Lula, coordenou a elaboração do projeto “Brasil: Nunca Mais”, que resultou num livro de denúncia sobre os abusos do período da ditadura militar e também representou o Brasil como membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
O debate sobre segurança pública foi tema central do podcast. Zarattini avaliou a postura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e do secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite sobre o uso de câmeras policiais.
O parlamentar lembrou que no início da gestão de Tarcísio o programa de expansão das câmeras corporais para policiais militares estagnou enquanto as mortes cometidas por PMs em serviço aumentaram 38%. Recentemente, ele firmou um acordo com o Supremo Tribunal Federal para comprar os equipamentos e lançou um edital para a aquisição de 12 mil câmeras, permitindo, porém, que os policiais decidam quando ligar ou desligar o equipamento, um modelo contestado por especialistas em segurança pública.
“Essa possibilidade do policial poder desligar a câmera é preocupante. Recentemente, a ação da PM na operação na Baixada Santista deixou dezenas de civis mortos e houve diversos relatos de execução sumária”, lembrou o parlamentar se referindo a Operação Verão, realizada pela Polícia Militar na Baixada Santista, que resultou em 56 mortes e foi alvo de investigação do Ministério Público por denúncias de violações de direitos humanos.
Paulo Vannuchi ressaltou a falta de uso de serviços de inteligência e tecnologia nas operações policiais em comunidades carentes que culminam em altas taxas de letalidade.
“É algo extremamente preocupante. E não é apenas em São Paulo, mas no Brasil. A polícia entra nas comunidades onde existe o crime organizado e não tem os serviços de inteligência para identificar quem é bandido e quem não é. E então sai matando. E no mínimo, metade dessas mortes são de bandidos e a outra metade são jovens trabalhadores, estudantes, negros”, denunciou.
Zarattini também criticou a política adotada por Tarcísio de Freitas no estado de São Paulo em relação às operações da Polícia Militar no combate a criminalidade, normalizando a prática de “atirar primeiro e perguntar depois”.
Comissão da Verdade: Vanucchi defendeu a reinstalação da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos e a busca rigorosa pelos restos mortais dos desaparecidos como uma questão humanitária. “As famílias precisam de uma resposta mesmo 30 ou 40 anos depois. Essa Comissão também permite separar o joio do trigo e as Forças Armadas precisam reconhecer o que aconteceu e se comprometer a não permitir que isso ocorra novamente”, defendeu.
Assista o episódio na íntegra.