Os impactos do consórcio entre as empresas Supergasbras e Ultragaz, que atuam como engarrafadoras e distribuidoras de gás liquefeito de petróleo (GLP), foi tema de debate nesta terça-feira, 30, na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, atendendo a um requerimento do deputado federal Carlos Zarattini (PT/SP). A fusão vai garantir as empresas o domínio sobre 75% do mercado de botijão de gás. Segundo o parlamentar, isso vai significar aumento de preço e desemprego.
O parlamentar solicitou explicações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a formação do monopólio. A formação de consórcio não foi autorizado ainda. Contudo, Zarattini garante que seguirá pressionando para impedir aprovação. “É um consórcio que vai aumentar a concentração no setor de distribuição de gás de cozinha. E o Cade não faz absolutamente nada. É um verdadeiro crime contra o consumidor. Lutamos tanto para baixar o preço do gás de cozinha para agora acabarem com a concorrência. É um absurdo e vamos lutar contra”.
Durante audiência pública, Zarattini, que presidiu o debate, lembrou que em 2021 foi aprovado na Câmara o auxílio gás, uma medida emergencial com o intuito de reduzir o preço do gás para famílias de baixa renda, diante do alto preço cobrado pelo produto. “Vamos acompanhar e estudar que possíveis medidas legislativas poderão ser tomadas para fazermos nosso papel fiscalizador e legislador. Não vamos ficar omissos com relação a essa situação que impacta a vida das pessoas”, afirmou.
Representantes da Supergasbras e Ultragaz negaram que o acordo prejudique o consumidor ou os trabalhadores. Outras empresas que atuam no mesmo setor também apresentaram suas considerações, além de distribuidores de gás de cozinha e trabalhadores da área.
O presidente da Federação dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo no Estado de São Paulo, Valter Adalberto, classificou o consórcio como nefasto. “Tenho conhecimento suficiente para saber o que vem por trás desse consórcio. As empresas estão se juntando e dizem que é para uma utilizar a estrutura operacional da outra, mas isso vai enfraquecer o número de trabalhadores”, declarou.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista Transportador e Revendedor de Gás Liquefeito de Petróleo do Estado de São Paulo, Rodney de Carvalho Ribeiro, frisou que as revendedoras apenas repassam aos consumidores o valor que recebem das distribuidoras de gás. “São essas coisas que o Cade deveria prestar atenção. Nós queremos saber se o consumidor final será beneficiado com essa fusão e se serão enfraquecidas as outras companhias”, pontuou.
Zarattini solicitou ainda acesso às informações das manifestações dos conselheiros sobre a fusão das duas empresas.