PT vai recorrer contra cassação da vereadora Maria Tereza Capra, de SC

Vereadora de São Miguel do Oeste (SC) teve o mandato cassado após denunciar manifestação nazista na região. A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, anunciou que o partido vai recorrer contra a cassação arbitrária

6 fev 2023, 18:13 Tempo de leitura: 4 minutos, 28 segundos
PT vai recorrer contra cassação da vereadora Maria Tereza Capra, de SC

O Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras (PT) vai recorrer contra a cassação arbitrária do mandato da vereadora Maria Tereza Capra (SC) após ter denunciado uma saudação nazista de bolsonaristas na região Oeste catarinense.

A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffman, anunciou que o partido é contra o processo ilegal e ilegítimo de cassação da vereadora de São Miguel do Oeste.

O coordenador do Setorial Nacional de Direitos Humanos do PT, Renato Simões, também destaca sobre o movimento neonazista em Santa Catarina, sobre outros casos de violência política no estado catarinense e ressalta que “defender Maria Tereza Capra na integridade de sua vida e mandato parlamentar é uma exigência ética e política desse momento de reconstrução e transformação do país’’.

“O movimento neonazista em Santa Catarina é um dos mais organizados no país. Nazismo é crime e a vereadora nada mais fez que lançar luz sobre a faceta nefasta da extrema-direita brasileira. Outras vítimas de violência de política de gênero no mesmo estado, como Ana Lúcia Martins, a primeira vereadora negra de Joinville, e Maria Tereza, precisam de nosso cuidado e proteção pelas reiteradas ameaças que recebem por sua militância e ação parlamentar”.

Simões enfatiza ainda que é prioritária para o Secretaria Nacional de Direitos Humanos do governo federal a campanha contra a violência política e o fortalecimento imediato dos mecanismos de proteção do Estado Brasileiro a pessoas ameaçadas por essa onda neofascista que assola o país.

O presidente do PT em Santa Catarina, Décio Lima, igualmente manifestou seu repúdio a mais um atentado contra a democracia.

A vereadora Maria Tereza Capra informou que articula defesa nos tribunais para recuperar o mandato. Disse ainda que “São Miguel do Oeste não é o que se apresentou no ato bolsonarista em 2 de novembro e que não é um município nazista”.

“É um caso claro e clássico de violência política de gênero, com uma grande dose de perseguição pela manifestação e atuação firme e forte na defesa da classe trabalhadora, das pautas da esquerda do governo Lula, da nossa história polícia como petista. São Miguel do Oeste não é uma terra de nazistas!”

 Ouça a vereadora, na íntegra, abaixo:

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“Neonazistas não passarão”; solidariedade à vereadora

Por nota, o PT manifestou total solidariedade à Maria Tereza, que teve o mandato cassado na madrugada de sexta para sábado, 4, na Câmara Municipal da cidade. O placar foi de 10 votos favoráveis – todos de homens – à perda do mandato e apenas um contrário – o da própria vereadora alvo do processo.

Acesse a nota, na íntegra, aqui.

Programa de proteção

Maria Tereza ainda foi incluída no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH), por causa das graves ameaças que ela, familiares e assessoria receberam ao longo dos meses após ter denunciado o ato por bolsonaristas nazistas.

A saudação nazista à bandeira brasileira aconteceu em frente ao Quartel da guarnição do Exército em São Miguel Do Oeste.

A manifestação ocorreu no dia 2 de novembro, logo depois de Bolsonaro ter sido derrotado por Lula na eleição presidencial. Inconformados com a vitória, bolsonaristas fizeram atos semelhantes pelo país para pedir uma intervenção que impedisse a posse do presidente Lula.

Ameaça de morte e racismo em Joinville

Outro caso de violência política contra uma parlamentar também foi registrado em Joinville (SC). A vereadora Ana Lúcia Martins (PT/SC) recebeu mensagens racistas e ameaças de morte no e-mail institucional logo após assumir o mandato.

A vereadora também defende Maria Tereza em seu processo de cassação em publicações nas redes sociais, registrou um boletim de ocorrência e uma manifestação no Ministério Público do Estado pedindo investigação do episódio e a identificação do autor.

“São pessoas intolerantes, racistas, que não aceitam a presença de uma mulher negra na Câmara. E também é óbvio que há a questão de gênero. Homens negros não costumam ser atacados dessa forma”, disse Ana Lúcia. “Somos eleitas, temos o direito de exercer o nosso mandato. Não podemos ter a dignidade atacada por pessoas que nem conhecemos. Estamos sendo xingadas de macacas neste século. Nós estamos regredindo”.

Outro caso em Criciúma

Assim como Ana Lúcia e Maria Tereza, a vereadora de Criciúma foi ameaçada na semana passada. A parlamentar Giovana Mondardo (PCdoB) recebeu o mesmo e-mail enviado à Maria Tereza, com uma mensagem ainda mais violenta e ofensiva, que a citou como uma “prostituta”.

Em seguida, o autor diz que vai matá-la, assim como Maria Tereza, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Da Redação, com informações do Estadão

Matéria publicada no site Partido dos Trabalhadores e replicada neste canal