Um em cada 5 lares chefiados por mulheres passa fome

Hoje no Brasil 33 milhões de pessoas passam fome e 125,2 milhões convivem com algum grau de insegurança alimentar.

9 jun 2022, 18:09 Tempo de leitura: 2 minutos, 31 segundos
Um em cada 5 lares chefiados por mulheres passa fome

Retrocedemos ao patamar de fome de trinta anos atrás, revela pesquisa da Rede Penssan.

Foto: Leonardo França/ Brasil de Fato

Neste momento, 33 milhões de pessoas passam fome no país. A pesquisa feita pela Rede Penssan mostrou que 6 a cada 10 brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar. São 125,2 milhões de pessoas nesta situação, um aumento de 60% na comparação com 2018.

Se o cenário geral já é grave, quando se trata das mulheres a situação é ainda mais calamitosa. O levantamento revelou que um em cada cinco lares chefiados por mulheres estão passando fome. Esse índice ultrapassa a média nacional de brasileiros nessa situação.

“Não existe política de combate à fome que não comece pelas mulheres, populações negras e indígenas”, afirmou Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT.

De fato, o estudo feito pela Rede Penssan desenhou o perfil da fome da país: ela está nos lares brasileiros chefiados por mulheres pretas ou pardas, com baixa escolaridade e trabalho informal.

Elas residem principalmente nas regiões Norte e Nordeste, na zona rural e em domicílios chefiados por mulheres ou por pessoas pretas e pardas.

Esses dados foram apresentados pelo 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, feito pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) e executado pelo Instituto Vox Populi.

Do Fome Zero ao Todo Mundo com Fome

O combate à fome foi um dos compromissos assumidos pelos  governos petistas. Em 2004, criamos o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome que tirou 36 milhões de brasileiros e brasileiras da extrema pobreza e outros 42 milhões ascenderam à classe C. Tudo graças à política consistente de transferência de renda aliada a aumentos reais do salário mínimo, estímulo ao consumo interno, acesso ampliado à moradia, à saúde e à educação.

Por ter construído uma estratégia de combate à fome e ter reduzido de forma muito expressiva a desnutrição e subalimentação nos últimos anos, no ano de 2014, o Brasil chegou a ser destaque no “Relatório de Insegurança Alimentar no Mundo”.

Depois do golpe contra a presidenta Dilma, os dados de insegurança alimentar só dispararam. Durante o governo Bolsonaro, no intervalo de um ano, 14 milhões de brasileiros passaram a conviver com a fome em suas casas.

Mulheres em situação de extrema vulnerabilidade buscam alimento em caminhões de lixo, em Fortaleza.

De acordo com a pesquisa, em 2022, 1 de cada 3 brasileiros já fez alguma coisa que lhe causou vergonha, tristeza ou constrangimento para conseguir alimento.

“E quem é ainda mais empurrada para uma situação humilhante e de perda da dignidade são as mulheres, que precisam buscar sobrevivência não apenas para si, mas também para sua família”, denuncia Anne Moura.

Ana Clara Ferrari, Agência Todas

Matéria publicada originalmente no site do PT e replicada neste canal.