Carlos Zarattini rebate ministro da Defesa e afirma que “não existe milícia boa”

“E hoje cabe ao Exército, às Forças Armadas, fiscalizar os armamentos e reprimir as milícias, impedir que elas acumulem armamento. Descobrimos agora que o assassino de Marielle Franco tinha 117 fuzis. Isso precisa ter um posicionamento das Forças Armadas”, cobrou Zarattini.

12 abr 2019, 18:26 Tempo de leitura: 2 minutos, 36 segundos
Carlos Zarattini rebate ministro da Defesa e afirma que “não existe milícia boa”

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) criticou nesta quarta-feira (10) o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, que afirmou durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (Creden), na Câmara dos Deputados, que “as milícias começaram [no Rio de Janeiro] com a boa intenção de proteger a sociedade, mas depois se desvirtuaram”. Segundo Zarattini, as milícias “se impuserem nas comunidades do Rio como um poder militar paralelo”. “Então, não existe milícia boa”, frisou o petista.

A afirmação do ministro ocorreu após Zarattini observar que apesar dos 11 meses de intervenção do Exército na Segurança Pública do Rio, com gastos de R$ 1 bilhão, poucos resultados foram apresentados à população. Como exemplo da falta de resposta ele citou a prisão dos dois assassinos de Marielle Franco e da apreensão de 117 fuzis automáticos na casa de um deles, ocorrida somente em março deste ano, quase três meses após o encerramento da intervenção.

“E hoje cabe ao Exército, às Forças Armadas, fiscalizar os armamentos e reprimir as milícias, impedir que elas acumulem armamento. Descobrimos agora que o assassino de Marielle Franco tinha 117 fuzis. Isso precisa ter um posicionamento das Forças Armadas”, cobrou Zarattini.

Segundo estudiosos da área da segurança pública, as atuais milícias tiveram origem nos grupos de extermínio formados essencialmente por policiais e ex-policiais que ‘vendiam’ serviços de segurança a comerciantes, ainda durante o período da ditadura militar.

Soberania

Durante a audiência pública, o ministro da Defesa também foi questionado por assuntos envolvendo a soberania nacional, entre eles o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas assinado entre Brasil e Estados Unidos para a utilização da base de lançamento de foguetes de Alcântara (MA). O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) demonstrou preocupação sobre um ponto do acordo, ainda não revelado totalmente ao público, que prevê poder de veto dos Estados Unidos sobre a utilização da Base de Alcântara (MA) por países acusados de “envolvimento com terrorismo”.

Venezuela

Já o deputado Paulão (PT-AL) questionou o ministro sobre declarações do próprio presidente Jair Bolsonaro, e de seu filho, o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), incentivando uma ação militar na Venezuela para retirar do poder o presidente Nicolas Maduro.

O parlamentar lembrou que a Constituição brasileira é enfática “em defender a autodeterminação dos povos e a resolução pacífica dos conflitos”. Recentemente Jair Bolsonaro afirmou que “no caso de invasão da Venezuela” – por parte dos Estados Unidos – iria consultar o Congresso para saber que decisão tomar.

Também participaram da audiência pública com o ministro a deputada petista Benedita da Silva (PT-RJ) e os deputados Odair Cunha (PT-MG)Valmir Assunção (PT-BA) e Zeca Dirceu (PT-PR).

Fonte: PT na Câmara – Héber Carvalho