Bolsonaro teme ser preso se perder as eleições e diz que vai reagir

Em segundo lugar em todas as pesquisas de intenções de voto, mesmo após a aprovação da PEC do Desespero, que autorizou aumentos nos valores do Auxílio Brasil e do vale-gás, além da criação de benefícios para caminhoneiros e taxistas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) está com medo de ser preso se perder as eleições, como indicam as pesquisas que revelam até a possibilidade do ex-presidente Lula (PT) vencer no primeiro turno.

2 ago 2022, 15:29 Tempo de leitura: 3 minutos, 12 segundos
Bolsonaro teme ser preso se perder as eleições e diz que vai reagir

“Inquieto” e “transtornado” em alguns momentos, presidente da República tem dito a interlocutores que não será preso com facilidade, segundo a colunista Monica Bergamo

Em segundo lugar em todas as pesquisas de intenções de voto, mesmo após a aprovação da PEC do Desespero, que autorizou aumentos nos valores do Auxílio Brasil e do vale-gás, além da criação de benefícios para caminhoneiros e taxistas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) está com medo de ser preso se perder as eleições, como indicam as pesquisas que revelam até a possibilidade do ex-presidente Lula (PT) vencer no primeiro turno.

De acordo com a colunista Monica Bergamo, da Folha de S Paulo, Bolsonaro está cada vez mais inquieto e vem repetindo a interlocutores, inclusive de seu próprio governo, que tem certeza de que será alvo de inquéritos que teriam como objetivo levá-lo à prisão caso perca as eleições, em outubro. Bolsonaro também acredita que seus filhos podem se tornar alvos mais fáceis caso deixe a Presidência da República. 

A colunista ouviu políticos e autoridades que não integram o governo, mas que conversaram com ele nos últimos dias. Segundo essas fontes, Bolsonaro tem dito que reagirá —e que não será preso com facilidade.

Ainda segundo esses interlocutores, Bolsonaro tem demonstrado nervosismo e repetido o discurso que fez no dia 7 de setembro do ano passado, na avenida Paulista, em São Paulo. No ato antidemocrático, em que atacou as instituições, Bolsonaro também afirmou que sairia do Palácio do Planalto “preso, morto ou com vitória”.

A colunista apurou que nas conversas em Brasília, o presidente também vem dizendo, na mesma linha, que pode haver “morte” caso tentem prendê-lo. Dois ministros de seu governo também confirmaram que Bolsonaro afirmou sobre a possibilidade de ser detido em mais de uma ocasião. 

“Dois ministros do governo afirmaram que já ouviram Bolsonaro falar sobre a possibilidade de ser detido em mais de uma ocasião.

O tom, no entanto, não seria de nervosismo, mas, sim, de mera constatação sobre uma suposta perseguição que ele poderia sofrer se perdesse o mandato.

Um dos ministros afirma que o presidente diz saber o que vai acontecer com ele em caso de derrota. “Você acha que eu não sei?”, teria dito o presidente, de acordo com esse auxiliar, sobre uma possível ordem de prisão”.

Alvo de denúncias

Segundo um dos auxiliares, Bolsonaro disse que não seria “ingênuo” como seus antecessores que foram presos. Uma referência aos ex-presidentes Lula (PT), preso sem crime e sem provas, e a Michel Temer (MDB), preso duas vezes as pela força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro. Lula ficou 580 dias e depois o processo foi anulado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considou o ex-juiz Sérgio Moro suspeito. Temer foi solto em menos de 10 dias. Bolsonaro é alvo de centenas de denúncias, principalmente por sua conduta durante a pandemia de Covid-19 e pelos ataques ao sistema eleitoral. Caso seja derrotado e deixe a Presidência, ele será julgado pela Justiça comum, o que eleva as possibilidades de responsabilização penal. 

É justamente o medo de ser preso que explica em parte, como diz a colunista, a intensidade dos ataques de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Assim como a manobra de seus aliados no Congresso, que vêm articulando uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para impedir que ex-presidentes sejam presos. Bolsonaro estaria cada vez mais acuado. O que o leva a aumentar as reações antidemocráticas numa escala sem limite.

Matéria postada originalmente no site da CUT Brasil e replicada neste canal.