Jornais estrangeiros destacam vexame e mentiras de Bolsonaro na ONU

Discurso “cheio de mentiras” feito por Jair Bolsonaro é criticado pela mídia de todo o mundo. Impeachment e inflação também são lembrados

22 set 2021, 20:15 Tempo de leitura: 2 minutos, 41 segundos
Jornais estrangeiros destacam vexame e mentiras de Bolsonaro na ONU

A leitura dos principais jornais estrangeiros nesta quarta-feira (22) comprova que a passagem de Jair Bolsonaro e sua comitiva por Nova York, para a Assembleia-Geral da ONU, foi um vexame internacional, que só serviu para isolar ainda mais o governo brasileiro e deixar claro que o atual presidente mente e despreza a ciência.

“Cheio de mentiras” e “sem teto” (referência às refeições feitas na calçada) foram algumas das expressões utilizadas para descrever a participação de Bolsonaro, que acabou coroada com uma quarentena forçada do ministro da Saúde. Marcelo Queiroga, que protagonizou a cena mais ridícula da viagem, ao fazer gestos obscenos para manifestantes, testou positivo para Covid-19 e teve de ficar nos Estados Unidos, enquanto o resto do grupo retornou ao Brasil, onde também deve cumprir quarentena, por recomendação da Anvisa.

O inglês The Guardian achincalhou a participação de Bolsonaro já no título de sua matéria: “Bolsonaro prometeu mostrar um novo Brasil, mas seu discurso cheio de mentiras na ONU não convence”. No texto, o jornal destaca que “o presidente de extrema direita vendeu remédios não comprovados contra a Covid e fez alegações infundadas sobre a política brasileira e o meio ambiente”. E conclui: “Bolsonaro fez pouco para reparar a reputação internacional de seu país”.

A insistência de Bolsonaro em defender o uso de remédios sem eficácia contra o coronavírus e as mentiras contadas sobre a política ambiental mereceram destaque em vários outros veículos. “Bolsonaro deu início à Assembleia-Geral das Nações Unidas na terça-feira defendendo o uso de drogas ineficazes para tratar o coronavírus e rejeitando as críticas ao desempenho ambiental de seu governo”, registou o New York Times, que também contou os constrangimentos causados pelo fato de Bolsonaro não ser vacinado.

Tais constrangimentos, por sinal, ocuparam boa parte dos textos. “Durante uma reunião com o primeiro-ministro Boris Johnson, da Grã-Bretanha, que saudou a vacina da AstraZeneca, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse que não havia sido vacinado contra a Covid-19”, informou a agência Associated Press. “Ainda não vacinado contra a Covid-19, o presidente brasileiro não pôde entrar em restaurantes da cidade e teve que comer fora no domingo”, reportou o francês Libération, que chamou Bolsonaro de “sem teto”.

Impeachment e inflação

Toda a bizarrice fabricada por Bolsonaro e sua turma, porém, não foi capaz de apagar a realidade, também lembrada pela mídia estrangeira. “As desculpas políticas para não abrir um processo (de impeachment) contra o presidente são ridículas, além de perigosas”, alertou o espanhol El País.

Já o Financial Times noticia que o Brasil se prepara para mais um grande aumento da taxa de juros na tentativa de domar a inflação. “O Banco Central deve aumentar as taxas de juros pela quinta vez consecutiva este ano, em uma batalha para conter a inflação, que quase atingiu os dois dígitos”, informa o jornal econômico.

Matéria originalmente veiculada no PT